O negócio das cartas já não dá cartas e os analistas castigam CTT

CTT colocaram cartas na mesa para anunciar quebra do negócio e tanto investidores como analistas castigam títulos. O que diz o mercado sobre a atual situação dos Correios?

Aos papéis com os CTT. A empresa anunciou na sexta-feira uma séria deterioração do seu negócio no final do ano passado, com reflexo no desempenho operacional — o lucro antes de impostos terá caído até 7%. Apesar de ter reafirmado o dividendo, os títulos afundam 11% em bolsa para um novo mínimo de sempre nos 5,34 euros.

Ações afundam para mínimo histórico

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Em catadupa, as reações dos analistas também não se fizeram esperar, com a generalidade dos bancos de investimentos a alertarem para as perspetivas menos otimistas da empresa liderada por Francisco Lacerda. O JPMorgan, por exemplo, talhou em 30% a avaliação que fazia dos Correios. Veja a análise feita pelos especialistas.

No fecho da primeira sessão da semana, a empresa de Francisco Lacerda fechou a cair 13,99% para os 5,17 euros.

CaixaBI

Trata-se de um desenvolvimento negativo para os CTT. De facto, as alterações em causa indicam um desempenho inferior ao anteriormente esperado para o ano de 2016, com implicações ao nível da rentabilidade. Adicionalmente, recordamos ainda que esta é a segunda revisão feita pelos CTT ao seu guidance inicial para este exercício, depois de a empresa ter anunciado uma anterior revisão em agosto de 2016 (no âmbito da apresentação de resultados do segundo trimestre de 2016)”.

O CaixaBI manteve tanto o preço-alvo de 8,80 euros como a recomendação de “compra”.

Haitong

“Isto é obviamente bastante negativo e a evolução do volume de tráfego postal no segundo semestre foi especialmente desapontante, o que juntamente com um efeito mix negativo (menos correio registado) levou a uma grande queda nas receitas de correio. As iniciativas de novas receitas ainda são um grande ponto de interrogação e depois deste ‘profit warning’ duvidamos que os investidores vão continuar a dar o benefício da dúvida aos CTT”.

“Admitimos que não há momentum e não antecipamos grandes gatilhos para uma reavaliação no curto prazo embora reconheçamos que as ações tenham estado fracas nos últimos meses e, nesse sentido, acreditamos que estas más notícias já tinham sido descontadas parcialmente pelo mercado. Deixamos a nossa avaliação e recomendação sob revisão porque precisamos de incorporar este anúncio no nosso modelo”.

O preço-alvo de 10 euros e a recomendação de “compra” estão sob revisão por parte do Haitong.

BPI

“Cortámos recentemente o preço-alvo para refletir a tendência de digitalização mais célere do Estado português nas notificações por carta. Ainda estamos dentro do guidance de longo prazo em relação ao volume de tráfego postal. A nossa recomendação neutra está suportada pelo outlook desafiante impulsionado pela concorrência forte na atividade principal e desconto de negociação insuficiente para compensar o elevado custo de capital do CTT num contexto de agravamento do risco de Portugal”.

Os analistas do BPI Equity Research baixaram a avaliação dos sete euros para 6,80 euros com recomendação de “neutral”.

JPMorgan

O banco de investimento norte-americano não teve meias medidas no seguimento da revisão em baixa dos resultados operacionais feita pela empresa liderada por Francisco Lacerda. Baixou a recomendação de “overweight” para “underweight” , mas mais relevante do que isso foi o facto de ter cortado em 32% a avaliação para os CTT. O preço-alvo do banco de investimento norte-americano foi revisto para 6,05 euros face ao preço alvo anterior de 8,95 euros, de acordo com a Bloomberg.

(Notícia atualizada às 17h36 com os valores de fecho)

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