Casimiro “não está vendedor” da Groundforce, mas admite “ouvir propostas”
As dificuldades financeiras da empresa de handling levaram grandes players do setor a manifestarem interesse numa aquisição. O acionista privado garante que não participou de qualquer negociação.
A participação detida por Alfredo Casimiro na Groundforce não está neste momento à venda, mas o empresário admite ouvir propostas. Como ECO noticiou esta segunda-feira, o Governo já recebeu manifestações de interesse para a compra da maioria do capital da Groundforce. Mas o acionista privado e presidente do conselho de administração da empresa de handling garante não estar a participar em quaisquer negociações.
“Alfredo Casimiro não está vendedor da sua participação na Groundforce e continua empenhado em contribuir para uma solução de médio ou longo prazo que garanta a viabilidade da empresa e a preservação dos postos de trabalho. Tal não significa que não esteja disponível para ouvir propostas, sejam elas de venda ou de parceria estratégica futura“, diz fonte oficial do empresário ao ECO.
A situação de dificuldades financeiras vivida nas últimas semanas pela Groundforce levou, pelo menos, três empresas a manifestarem interesse numa eventual aquisição caso o negócio chegue ao mercado, sabe o ECO. No grupo estão grandes players internacionais da aviação que contactaram o Governo para manifestar interesse em comprar os 50,1% da Groundforce atualmente detidos pela Pasogal de Casimiro.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, iniciou mesmo conversações preliminares com alguns destes, mas Casimiro ficou de fora. Além dos interessados que contactaram o Governo, há também a possibilidade de o próprio CEO Paulo Leite Neto participar numa operação de management buyout, mas nada foi formalizado junto do ministério.
“A Pasogal desconhece totalmente a existência de negociações envolvendo players do setor, interessados em adquirir a posição da Pasogal na Groundforce“, garante, sublinhando que “não mandatou a TAP ou o Estado português para o representarem em qualquer negociação que tenha esse fim”. Acrescenta que “a Pasogal detém 50,1% das ações da Groundforce, o que significa que todas as conversas relativas à possível venda das mesmas deverão ocorrer em sede própria e envolvendo o seu Presidente, Alfredo Casimiro”.
A par da participação maioritária da Pasogal, a Groundforce é ainda detida em 49,9% pela TAP. A companhia aérea não irá vender e uma participação minoritária seria menos atrativa no mercado. No entanto, há várias formas de a participação de Casimiro poder vir a estar à venda.
Num cenário de aumento de capital — como esteve em cima da mesa e que poderá ser recuperado se for preciso por mais dinheiro na Groundforce –, a TAP poderá reforçar os capitais e aumentar a sua participação. Por imposição europeia, a companhia aérea não pode deter mais de metade do capital da empresa de handling pelo que mais tarde teria de a vender. Outra forma poderia ser após uma nacionalização, que Casimiro considera ser o objetivo do Governo, mas que Pedro Nuno Santos já disse não pretender.
A possibilidade mais imediata é, no entanto, outra e poderá passar pela execução da penhora da participação. De acordo com o Correio da Manhã (acesso pago), o Montepio já notificou Casimiro sobre o incumprimento do contrato. Caso os três milhões de euros em dívida não sejam pagos, o banco poderá executar a penhora através de um processo extrajudicial, que permite que as ações sejam vendidas no prazo de 60 dias em vez de passar o Montepio a ser acionista da Groundforce.
Os atuais acionistas têm estado em conflito desde que a empresa entrou em rutura de tesouraria devido à paralisação da atividade durante a pandemia. Governo e privado começaram por negociar um acordo para que a TAP fizesse um novo adiantamento de serviços. Mas a companhia aérea pedia que o empresário desse a sua participação como garantia, o que não foi possível por já estar penhorada.
Em relação à segunda alternativa — de um aumento de capital — também não se conseguiram entender. A opção fechada acabou por ser a venda de 7 milhões de euros em equipamentos da Groundforce à TAP, que serão depois subalugados para uso da empresa de handling. A solução temporária permitiu desbloquear de forma imediata liquidez para pagar os salários de fevereiro em atraso, mas os acionistas ainda procuram uma opção mais permanente.
(Notícia atualizada às 18h35)
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