Oposição prepara lista única em torno de Miguel Coelho para as eleições no Montepio

Tal como há três anos, um grupo de associados procura juntar forças e apresentar uma lista concorrente única à Associação Mutualista. Há um nome em cima da mesa para liderar lista: Miguel Coelho.

Com as eleições apontadas para o final do ano, a corrida nos bastidores da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) começa a aquecer. Se a candidatura do atual presidente Virgílio Lima com uma lista de continuidade é dada como adquirida, a oposição está (novamente) focada em alinhar interesses, deixar as divergências de lado e concentrar as forças numa lista concorrente única. E há já um nome em torno do qual um grupo de associados e ex-dirigentes do Montepio está a trabalhar, de acordo com informações recolhidas pelo ECO. Trata-se de Miguel Coelho, antigo administrador financeiro da equipa de Tomás Correia, com quem veio a entrar em rota de colisão em 2018.

Em teoria, é muito provável que seja esse nome, mas o processo não está concluído”, confirmou fonte próxima das discussões ao ECO. Em cima da mesa está a ideia de juntar numa única lista membros (ou grande parte dos nomes) das listas de Ribeiro Mendes e António Godinho e que saíram derrotadas das últimas eleições de 2019, tendo reunido, ainda assim, mais de 55% dos votos em conjunto.

Já nas últimas eleições foram desenvolvidos esforços no sentido de tentar derrotar Tomás Correia agregando várias forças internas da oposição, mas não se chegou a um bom porto. A mesma fórmula está novamente de volta. “Aprendemos nestes três anos que o mais importante é conseguir convergência ampla e construir uma convergência à altura dos desafios do Montepio”, afirma agora Ribeiro Mendes, que encabeçou a lista B nas últimas eleições, ao ECO. Não foi possível contactar António Godinho.

As conversações estão em curso neste momento com vista a chegar a um entendimento em relação a um projeto para a mutualista e aos nomes que irão candidatar-se não só ao conselho de administração, juntamente com Miguel Coelho, mas também aos outros órgãos sociais: conselho fiscal, mesa da assembleia e a recém-criada assembleia de representantes, que deu lugar ao conselho geral.

Quanto a Miguel Coelho, foi administrador com o pelouro financeiro da equipa de Tomás Correia entre 2016 e 2018. Como Ribeiro Mendes, também Miguel Coelho entrou em divergência com a gestão, tendo inclusivamente votado contra um aumento de capital de 250 milhões do banco em 2017 e que foi integralmente subscrito pela mutualista. Antes disso, o docente da Universidade Lusíada exerceu funções em empresas do grupo, incluindo o banco, e foi vice-presidente do Instituto da Segurança Social.

Como o ECO avançou, o processo eleitoral já arrancou no passado mês de janeiro com a mutualista a pôr em consulta pública um projeto de regulamento eleitoral, que prevê o voto eletrónico em vários “pontos de contacto” da mutualista com os associados em todo o país e o registo prévio dos candidatos concedido pelo regulador dos seguros.

Estas duas novidades do regulamento eleitoral mereceram duras críticas deste grupo de associados que agora tenta formar uma lista concorrente única contra Virgílio Lima. “O projeto [de regulamento eleitoral] inclui um conjunto de procedimentos que, a serem adotados, constituiriam um gravíssimo enviesamento do processo eleitoral, conferindo tais vantagens à lista apoiada pelo conselho de administração incumbente, que só em situações muito extremas não seria esta a vencedora”, segundo manifestou este grupo numa carta enviada à comissão que elaborou a proposta. O projeto de regulamento eleitoral ainda tem de ser aprovado em assembleia geral.

O mandato dos atuais órgãos sociais termina no final do ano. Os estatutos obrigam a que a atual administração liderada por Virgílio Lima apresente uma lista. As eleições são aguardadas com expectativa face ao momento que vive a maior instituição mutualista do país, que gere poupanças de mais de dois mil milhões de euros de 600 mil associados.

As contas da AMMG de 2020 ainda não são conhecidas, embora se saiba que há muito que a instituição convive com desafios do ponto de vista financeiro. O ECO revelou há duas semanas que a AMMG e o Banco Montepio estão a preparar a desconsolidação de uma carteira de mil milhões de euros em crédito malparado e imóveis do banco para um veículo ligado à mutualista. O banco não ficará com qualquer exposição a este veículo, o que permitirá libertar capital. O processo está a ser estudado internamente e, caso seja viável, será submetido aos supervisores e auditores, disse fonte oficial da mutualista.

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