“Trabalhos com Bruxelas estão a prolongar-se” e a “atrasar entrada” do novo CEO da TAP, diz Pedro Nuno Santos
O Governo esperava conseguir fechar as negociações com a Comissão Europeia sobre o plano de reestruturação da companhia aérea ainda em março, mas é "muito provável" que só aconteça em maio.
O plano de reestruturação da TAP só deverá conseguir aprovação da Comissão Europeia em maio, dois meses depois da data inicialmente prevista. Este prolongamento dos trabalhos está a atrasar a entrada da nova equipa de gestão, segundo admitiu o ministro das Infraestruturas e Habitação. Pedro Nuno Santos desvaloriza, no entanto, a situação, dizendo que os cortes já estão a acontecer.
“A TAP tem uma equipa de gestão que está a fazer o trabalho. No nosso objetivo esteve sempre claro que uma nova equipa de gestão não entra a meio da elaboração e negociação de um plano de reestruturação, só entra quando o plano de reestruturação estiver aprovado em Bruxelas“, respondeu Pedro Nuno Santos, numa audição parlamentar regimental que decorre esta quarta-feira.
O desenho da proposta de plano de reestruturação foi acompanhado pelo chairman Miguel Frasquilho e pelo CEO interino Ramiro Sequeira, mas a TAP terá em breve uma nova equipa de gestão. Esta irá incluir um novo CEO, cujo nome ainda não foi confirmado, mas que deverá ser o alemão e antigo CEO da Saudi Arabian Airlines, Jaan Albrecht Binderberger.
Tal como o Governo tem dito, a confirmação só é esperada depois de a Comissão Europeia se pronunciar sobre o plano. “A única coisa que mudou é que os trabalhos com Bruxelas estão a prolongar-se. Achávamos que conseguíamos fechar em março, mas é muito provável que possa cair até maio e é claro que isso atrasa a entrada da nova administração, mas não há nenhum problema com a gestão da TAP, que tem uma equipa a fazer o trabalho”, admite o ministro.
Sem confirmar qualquer nome, o governante disse que o Governo está a finalizar a contratação, que o executivo terá a sua própria equipa — mas não apenas composta por estrangeiros, sinalizando que algumas contratações poderão ser feitas dentro do país — e que o salário será mais baixo do que o recebido por Antonoaldo Neves. O ministro sublinhou ainda que este atraso não está a impedir que os cortes de custos já tenham começado.
A TAP está a renegociar encomendas e pagamentos com fornecedores e lessors, a fazer alterações na frota e a adaptar as rotas, esperando uma poupança de 1,3 mil milhões de euros em custos operacionais até 2025. Em simultâneo, pretende cortar 1,4 mil milhões de euros em massa salarial através da implementação de acordos de emergência (após a suspensão dos acordos de empresa), de medidas voluntárias e de despedimento coletivo.
“O plano de reestruturação está a ser negociado com Bruxelas, enquanto já o estamos a executar”, garantiu. “Tudo corre para que possamos, dentro das dificuldades com que a TAP se depara, executar bem o plano de reestruturação. Infelizmente há variáveis que não dominamos. Desde logo o primeiro trimestre de 2021 que foi pior do que esperávamos para as companhias aéreas”.
A aprovação por parte da Comissão Europeia não só é necessária para a entrada da nova administração como para ser desbloqueada mais uma tranche de apoio público à TAP. O cheque inicial de 1,2 mil milhões de euros foi totalmente entregue ainda no ano passado, mas a totalidade do financiamento poderá atingir os 3.725 milhões de euros. Em 2021 estão previstos entre 970 milhões e 1.164 milhões de euros, um valor que Pedro Nuno Santos indicou que não sofrerá alterações. Em 2022, o intervalo situa-se entre 473 milhões e 503 milhões de euros. Seguindo-se 379 milhões a 438 a milhões em 2023 e 392 milhões a 420 milhões de euros em 2024.
(Notícia atualizada às 17h15)
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