Banca sob pressão com colapso do Archegos. Credit Suisse e Nomura arriscam anular lucros

A banca europeia perde 1,4%, com o sentimento negativo a estender-se a banca de investimento e comercial: o francês BNP Paribas cai 2,2%, o suíço UBS recua 3,6% e o português BCP desvaloriza 1%.

Os bancos de investimento de todo o mundo estão sob forte pressão depois do colapso do Archegos Capital Management. O europeu Credit Suisse e o japonês Nomura estão entre os mais penalizados devido à exposição ao family office que não conseguiu reforçar margens e teve, no final da semana passada, de liquidar 20 mil milhões de dólares em ações.

Na sessão de sexta-feira em Wall Street, os investidores depararam-se com vendas em bloco de ações sem razão aparente. A Bloomberg viria mais tarde a noticiar que estas ordens de venda, executadas pelo Goldman Sachs e pelo Morgan Stanley, estavam relacionadas com investimentos do family office Archegos Capital Management.

Fortemente alavancada, a gestora de patrimónios entrou em dificuldades com a desvalorização de títulos dos media na semana passada, levando os seus credores a pedirem reforços. Como não teve capacidade para o fazer, o Archegos teve de liquidar posições, incluindo de gigantes tecnológicas chinesas.

Desde então, o setor financeiro tem estado sobre forte pressão. O Credit Suisse chegou a afundar 13,9% para o valor mais baixo em três meses depois de ter avisado, esta manhã, para possíveis perdas relacionadas com o caso. Apesar de ser “prematuro quantificar” o impacto, “pode ser altamente significativo e material para os nossos resultados do primeiro trimestre”, avisa. Duas fontes próximas do banco disseram ao Financial Times que a perda poderá situar-se entre 3 e 4 mil milhões de dólares (para um banco cujo lucro no total de 2020 foi de 2,9 mil milhões).

A banca europeia perde 1,4%, com o sentimento negativo a estender-se a banca de investimento e comercial: o francês BNP Paribas cai 2,2%, o suíço UBS recua 3,6% e o português BCP desvaloriza 1%, penalizando o PSI-20. O alemão Deutsche Bank — que também tem exposição ao Archegos, mas mais limitada — afunda mais de 4%. Também o Goldman Sachs garantiu que estava protegido contra eventuais perdas.

O maior banco de investimento do Japão, o Nomura, poderá igualmente ver os seus lucros totalmente anulados na segunda metade do ano devido a “perdas significativas” na divisão norte-americana pelo impacto do colapso. Os títulos do gigante asiático afundaram 16% na sessão desta segunda-feira em Tóquio. Esta é a pior queda diária de sempre para o Nomura, que lhe retirou 3,2 mil milhões de dólares em capitalização bolsista.

Do lado das empresas, os cálculos da Bloomberg indicam que foram perdidos 30 mil milhões de dólares na capitalização de mercado das empresas envolvidas. Em reação, o grupo chinês de música Tencent Music Entertainment Group — um dos nomes mais afetados pela liquidação, com um tombo de 20% na sessão de sexta-feira em Nova Iorque — anunciou que vai aproveitar a queda através de um programa de recompra de ações próprias de mil milhões de dólares (equivalente a 2,9% do capital da empresa).

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