Há meia dúzia de cotadas que vão dar em dividendos mais do que tiveram de lucros
Na bolsa de Lisboa, há várias cotadas que vão dar aos acionistas mais do que o que lucraram ao longo de um ano. E há até uma, a Galp Energia, que vai dar dividendos depois de apresentar prejuízos.
Regra geral, uma empresa que tem resultados líquidos procura entregar parte desses lucros aos investidores sob a forma de dividendos. Mas, como em tudo, há exceções. Há algumas que vão além da parte, mas também do todo, chegando a distribuir pelos acionistas mais do que o que lucraram ao longo de um ano. Este ano, são várias assim em Lisboa.
2020 foi um ano desafiante para muitas empresas. A crise pandémica travou a fundo a atividade, refletindo-se negativamente nos resultados que têm vindo a ser conhecidos nas últimas semanas. E isso levou a uma redução do valor a entregar em dividendos. Mas mesmo assim, entre as 18 cotadas do PSI-20, há seis em que o payout será superior a 100%.
A Ramada destaca-se claramente entre as cotadas que dão mais do que o que lucraram. A empresa constituída no âmbito do projeto de reorganização empresarial do Grupo Altri interrompeu em 2020 o pagamento de dividendos. Não deu nada no ano passado, mas este ano, com base nas contas de 2020, vai pagar 60 cêntimos por cada ação.
A cotada liderada por Borges de Oliveira vai pagar 15,4 milhões de euros em dividendos com base em lucros de apenas 6,9 milhões, ou seja, mais do triplo dos resultados líquidos. Apresenta um payout de 222%, o maior de entre todas as cotadas do índice de referência da bolsa de Lisboa, acima dos 146% da Altri. A empresa que deu origem à Ramada vai pagar 61 milhões em dividendos apesar de ter obtido apenas 35 milhões em lucros.
A Nos vai fazer o mesmo, ou seja, pagar mais do que lucrou. Manteve o dividendo de 27,8 cêntimos por ação mesmo num ano em que os resultados líquidos encolheram para 92 milhões de euros. O resultado é um payout de 155%, sendo que neste caso é já habitual que assim seja. Desde 2015 que a operadora tem seguido esta lógica.
Nos vai para o sexto ano a dar mais dividendos que lucros
A Nos não é, contudo, a única a seguir esta prática há anos. Também a REN tem vindo a entregar regularmente aos acionistas uma remuneração superior à dos resultados obtidos. E este ano não será diferente, tendo em conta que a cotada liderada por Rodrigo Costa se prepara para pagar 114 milhões em dividendos depois de lucros de 109 milhões. Ou seja, tem um payout de 104%.
Galp dá dinheiro, apesar de perder dinheiro
Entregar mais em dividendos do que se obtém em lucros resulta, muitas vezes, da distribuição de reservas que foram sendo acumuladas ao longo dos anos. É dinheiro que foi sendo retido para eventualidades, ou mesmo para aproveitar oportunidades de crescimento, mas que acabou por não ser utilizado, fazendo sentido entregá-lo aos investidores.
Outras vezes, é resultado do negócio em si. Empresas que geram elevado cash flow tendem a ter capacidade de o libertar através de dividendos, mesmo sem lucros para os sustentar. Contudo, regra geral, são cotadas com resultados positivos.
Mas também há empresas com prejuízos a pagarem dividendos. É o caso, este ano, da Galp Energia. “O Concelho de Administração da Galp irá propor na Assembleia Geral de Acionistas em abril um dividendo por ação de 0,35 euros/ação, relativo ao exercício de 2020, a ser pago em maio”, referiu a empresa no comunicado de apresentação de resultados enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, isto depois de apresentar um resultado líquido negativo de 42 milhões. A Galp Energia cortou o dividendo face ao ano anterior, prevendo agora pagar 269 milhões de euros.
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