Superliga europeia avança para encaixar mais milhões
Clubes mais ricos da Europa avançaram à revelia da UEFA e FIFA com uma nova competição, a Superliga europeia. Novo modelo irá aumentar as receitas destes 12 clubes espanhóis, britânicos e italianos.
12 dos principais clubes europeus anunciaram este domingo que vão criar uma nova liga, a Superliga Europeia, para aumentar as receitas da indústria futebolística, justificando a decisão com o impacto da crise pandémica, segundo o Público e o Observador. De acordo com um comunicado do Real Madrid, que está na dianteira do projeto, esta nova competição irá gerar mais dinheiro do que as atuais. Desde já, os clubes vão dividir 3,5 mil milhões de euros que terão de dedicar a investimentos em infraestruturas e para compensar o impacto da Covid-19. A notícia não foi bem recebida pela UEFA que ameaçou proibir os clubes e os jogadores de entrarem noutras competições nacionais, europeias ou mundiais.
Também a FIFA desaprova a criação de “uma liga europeia fechada e dissidente, fora das estruturas do futebol”. “A FIFA quer tornar claro que se posiciona fortemente a favor da solidariedade no futebol e de um modelo de redistribuição equitativo. A FIFA posiciona-se sempre a favor da unidade no futebol mundial e apela a todas as partes envolvidas para que tenham um diálogo calmo, construtivo e equilibrado, para bem do jogo”, indica o organismo, em comunicado.
Estas informações constam de um comunicado divulgado pelo clube espanhol no qual é citado Florentino Pérez, presidente do Real Madrid e da Superliga Europeia e onde é justificada a criação da nova liga com a pandemia, a qual “acelerou a instabilidade do atual modelo económico do futebol europeu“. O objetivo é que os melhores clubes e jogadores europeus possam competir entre si de maneira mais frequente do que fazem atualmente com a Liga dos Campeões e a Liga Europa. Entre os fundadores estão clubes espanhóis, britânicos e italianos: AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham.
De acordo com o The New York Times, cada clube fundador tem a promessa de receber pelo menos 350 milhões de euros de receitas, o que é mais do triplo do que o vencedor da Liga dos Campeões recebeu em 2020. O atual sistema do futebol canaliza centenas de milhões de euros de receitas com direitos televisivos e patrocínios para os clubes mais ricos da Europa, mas o formato das competições garante também a manutenção de equipas mais pequenas de cada país. Com a Superliga europeia, esse modelo iria ficar em causa uma vez que é exclusivo dos clubes mais ricos e atrativos para os patrocinadores.
Superliga europeia é contrária aos valores da UE, diz comissário
O comissário europeu Margaritis Schinas afirmou esta segunda-feira que a União Europeia deve defender “um modelo europeu de desporto baseado na diversidade e na inclusão”, opondo-se a este projeto de criação de uma Superliga europeia.
“Devemos defender um modelo europeu de desporto baseado em valores, baseado na diversidade e na inclusão”, lê-se numa mensagem publicada na conta oficial da rede social Twitter de Margaritis Schinas.
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Sublinhando que “não há margem” para que o modelo europeu de desporto “seja reservado aos poucos clubes ricos e poderosos”, Schinas diz também que estes clubes “querem cortar as ligações com tudo aquilo que as associações representam”, referindo-se às “ligas nacionais [de futebol], promoções e despromoções, e apoio ao futebol amador”.
“A universalidade, a inclusão e a diversidade são elementos cruciais no desporto europeu e no nosso modo de vida europeu”, aponta o responsável.
(Notícia atualizada novamente às 9h44 com a reação da FIFA)
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