Horta Osório acredita que teletrabalho veio para ficar
Banqueiro português considera que a flexibilidade no trabalho e o trabalho a partir de casa serão fatores de atração e retenção de talento.
A pandemia obrigou à utilização massiva do teletrabalho e o banqueiro António Horta Osório, que se prepara para iniciar funções de chairman no Credit Suisse, acredita que a flexibilidade no trabalho e o trabalho a partir de casa vieram para ficar e serão fatores de atração de talento para as empresas.
“O facto de bancos e empresas trabalharem de forma eficiente e segura a partir de casa abre a possibilidade de termos formas de trabalho mais flexíveis”, referiu o gestor português em entrevista à agência Bloomberg (acesso condicionado/conteúdo em inglês).
“Termos formas de trabalho mais flexíveis depende, obviamente, do tipo de função que se tem na empresa ou banco e das preferências pessoais do trabalhador”, acrescentou Horta Osório, que deu o exemplo de um funcionário que trabalha na área contabilidade e que tenha boas condições em casa pode “trabalhar dois ou três dias a partir de casa”.
Segundo o banqueiro, a possibilidade de trabalhar a partir de casa poderá tornar-se num “fator diferenciador para atrair e reter trabalhadores”.
Horta Osório, que foi CEO do Lloyds Bank na última década, adiantou que o banco britânico tem um plano para flexibilizar o trabalho assim que o Reino Unido sair plenamente do desconfinamento.
“Dependendo do tipo de função e da preferência pessoal do trabalhador, temos cinco tipos de funções e com uma matriz à volta desses dois fatores, através da qual as pessoas podem trabalhar mais dias ou menos dias a partir de casa”, explicou.
“Vamos definitivamente tirar partido disso”, assegurou.
“Queria fazer algo diferente”
Horta Osório começa no dia 1 de maio como presidente do conselho de administração do banco suíço Credit Suisse. Segundo o banqueiro, mudou-se de Londres para a Suíça porque “queria fazer algo diferente” após quase três décadas a desempenhar funções de CEO em três países diferentes: Portugal, Brasil e Reino Unido.
“As pessoas não devem perpetuar-se em posições, é bom para as empresas terem perspetivas novas e é bom para as pessoas terem novos desafios. Devemos continuar a ter novos desafios, tentar melhor, pois de outra forma começamos a decair”, explicou.
O português revelou ainda que o seu pior momento no Lloyds foi quando chegou e começou a olhar com profundidade para a situação financeira do banco.
“O banco tinha 200 mil milhões de libras de dívida líquida, metade da qual de curto prazo nos mercados monetários, e 200 mil milhões de ativos tóxicos no lado dos ativos do balanço. A situação era muito delicada (…) A crise financeira rebentou um mês depois de ter apresentado a visão estratégica e estava muito preocupado, para ser muito honesto, que o banco poderia não sobreviver”, contou.
Por outro lado, Horta Osório diz que viveu os melhores momentos no Lloyds quando o banco devolveu todo o dinheiro aos contribuintes por conta do resgate público, quando o banco voltou a ser 100% detido por privados.
Agora de saída, questionado sobre como será a sua festa de despedida no meio da pandemia, Horta Osório disse que está a ser preparado algo, mas dentro das regras: “Creio que as minhas equipas estão a preparar alguma coisa, mas obviamente dentro das regras e no momento apropriado de acordo com a lei“, disse entre sorrisos.
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