Data center em Sines é “maior investimento estrangeiro desde Autoeuropa”
Projeto prevê construção de cinco edifícios com capacidade útil de fornecimento de 450 Megawatts de energia aos servidores e ficará localizado nos terrenos contíguos à central termoelétrica de Sines.
A empresa de capitais anglo-americanos start campus vai investir até 3.500 milhões de euros num megacentro de dados global em Sines que criará até 1.200 empregos diretos altamente qualificados e 8.000 indiretos até 2025. Este projeto é “sem dúvida, o maior investimento estrangeiro que o país captou desde a Autoeuropa”, sublinhou o secretário de Estado da Internacionalização, frisando que não foram concedidos quaisquer incentivos fiscais ou financeiros.
O investimento da start campus – empresa detida pelos norte-americanos da Davidson Kempner Capital Management LP (Davidson Kempner) e pelos britânicos da Pioneer Point Partners – está classificado desde março como Projeto de Interesse Nacional (PIN),
“O Sines 4.0 será um dos maiores campus de centros de dados [Hyperscaler Data Centre] da Europa e dá resposta à crescente procura de grandes empresas internacionais de tecnologia fornecedoras de serviços de streaming, social media, ecommerce, gaming, educação online, videoconferência e outros de processamento e armazenagem de dados e de aplicações empresariais”, salienta a empresa num comunicado enviado à Lusa.
De acordo com os promotores, o novo megacentro de dados será “a infraestrutura central de última geração no coração do projeto Sines 4.0”, combinando “as necessidades da nova era da informação e da transição digital com a posição geográfica única de Sines” e “contribuindo significativamente para a transição energética de Portugal”.
O objetivo da start campus é que o Sines 4.0 tenha “uma pegada de carbono líquida zero, garantindo preços de energia competitivos a nível global, segurança, estabilidade e ‘compliance’ em segurança de dados”.
O projeto prevê a construção de cinco edifícios com capacidade útil de fornecimento de 450 Megawatts (MW) de energia aos servidores, com 90 MW cada, e ficará localizado nos terrenos contíguos à recentemente encerrada central termoelétrica a carvão de Sines.
Conforme salienta a start campus, o Sines 4.0 beneficiará, assim, “de todas as vantagens estratégicas deste local, como a refrigeração com água do mar, acesso à rede elétrica de alta tensão, conectividade através da ligação a cabos de fibra ótica internacionais de alta capacidade com a América do Norte, África e América do Sul e utilização potencial de energia 100% verde e ambientalmente sustentável, com indicadores de consumo de água e criando PUE (Power Usage Effectiveness) altamente eficientes”.
“O Sines 4.0 contribuirá para Portugal reemergir como player-chave no mercado internacional de dados e conectividade e construir a próxima etapa dos 150 anos de história do país como ponto de ligação europeu nas telecomunicações globais”, sustentam os promotores.
Segundo referem, o projeto “alavanca a posição geográfica estratégica de Sines e Portugal no extremo da Europa através dos novos cabos submarinos agora a entrar em operação, em construção ou em desenvolvimento”, nomeadamente o EllaLink (ligando Portugal à Madeira e América do Sul), Equiano e 2Africa (ligando todo o continente africano à Europa através de Portugal).
“Portugal pode, assim, voltar a ser o principal hub de dados entre a Europa, as Américas, África e outros e tornar-se a porta de entrada para a multiplicação da conectividade transatlântica”, realçam.
O projeto Sines 4.0 está a ser desenvolvido pela start campus em parceria com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), a Câmara Municipal de Sines e o Governo português, através dos ministérios da Economia e Transição Digital, do Ambiente e da Transição Energética, dos Negócios Estrangeiros e da Internacionalização e das Infraestruturas e da Habitação.
O secretário de Estado da Internacionalização apontou, em declarações à Lusa, o “enorme potencial de exportação de serviços” deste projeto anglo-americano. “Tem o potencial de ser o maior investimento estrangeiro captado pelo país desde a Autoeuropa”, disse Eurico Brilhante Dias.
O responsável salientou que o projeto “altera uma parte importante das características do investimento” que tem sido captado para Sines, dada o seu perfil de “transição digital e energética”. “É um projeto de transição digital pelas oportunidades que os data centres e a economia dos dados nos vão dar neste século XXI e, ao mesmo tempo, é de transição energética, porque cada vez mais quem investe procura localizações que possam ser abastecidas a partir de energias renováveis”, afirmou.
“Estamos, no essencial, a falar de um data centre que, mais tarde, irá transacionar serviços com o exterior. Portanto é, ao mesmo tempo, um grande investimento estrangeiro com enorme potencial de exportação de serviços”, realçou.
Recordando que “o ano 2020 foi particularmente difícil para a economia mundial e, também, para a economia portuguesa, apesar do stock de investimento direto estrangeiro ter aumentado em 2020 em Portugal”, Brilhante Dias destacou este projeto como “sem dúvida, o maior investimento estrangeiro que o país captou desde a Autoeuropa”.
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