Accenture: Seguradoras inovam ou perdem 5% das receitas
O setor deve acelerar a resposta à mudança de hábitos de consumo, adaptar-se e recuperar resiliência. A consultora sugere 4 áreas chave incontornáveis para as seguradoras nos próximos 5 anos.
A indústria global de seguros crescerá em 1,4 biliões de dólares (trillions na aceção anglo-saxónica) entre 2020 e 2025, apesar das atuais condições de recessão e dos modelos que apontam risco ascendente. Para captar uma parte deste crescimento e defender o seu lugar na cadeia de valor dos seguros, as incumbentes da indústria seguradora devem inovar, adverte o Insurance Revenue Landscape 2025: Innovate for Resilience, relatório de pesquisa divulgada pela Accenture, consultora global de tecnologia e estratégia.
A pesquisa analisou as mudanças em curso na economia, tendências demográficas e o cenário de alterações climáticas e o que estas realidades podem constituir de oportunidades de faturação para as seguradoras. A recomendação surge logo no título do documento: “Inovar para a resiliência”.
Só no Reino Unido, “os seguros digitais e a distribuição por canais digitais vão retirar 8,3 mil milhões de libras esterlinas à receita agregada das seguradoras que não conseguirem acompanhar o ritmo da mudança tecnológica até 2025″, segundo antecipa o estudo.
Em vez de renovarem produtos contratados junto de seguradoras tradicionais, os clientes estão cada vez mais exigentes em termos digitais, dispondo de mais coberturas de ofertas tecnológicas, tais como a solução “pay per mile” (UBI usage based insurance), que se afirma no ramo auto, e as ofertas de serviços de saúde conectados, que poderiam custar às seguradoras 3,5 mil milhões de libras esterlinas em perda de receitas, estima a pesquisa.
Desenvolvendo a potencial perda de receita por parte das seguradoras britânicas tradicionais, o estudo aponta outros 4,8 mil milhões de libras, atualmente transacionados através dos canais tradicionais e que serão capturadas por concorrentes que oferecem experiências de distribuição digital, uma vez que os clientes optam por adquirir cada vez mais seguros através de plataformas online, adianta a análise da Accenture.
Jamie Althorp, responsável pelo setor de seguros na Accenture UK e Irlanda, afirma que a resiliência tem sido uma vantagem do lado das seguradoras britânicas, mas adverte: “devem fazer mais para acompanhar a rápida evolução de hábitos dos clientes”.
Segundo projeta a consultora, a indústria de seguros do Reino Unido crescerá de 274 mil milhões, em 2020, até cerca de 298 mil milhões de libras no fim de 2025. Isto supõe uma taxa de crescimento anual composta em torno de 1,4%, ou seja, ao mesmo ritmo que outras organizações, como a IDC, preveem que o investimento direto global na transformação digital cresça em três anos.
Para o período de 5 anos projetado na análise da Accenture, a indústria global de seguros crescerá de 4,9 biliões para 6 biliões de dólares, uma taxa de crescimento anual composta de 3,5%.
O relatório aponta 4 áreas chave de inovação em torno das quais o setor de seguros não irá descolar nos próximos cinco anos e que deve aproveitar como geradoras de novas receitas:
–Saúde e bem estar, produtos e serviços do ramo Vida que representam 120 mil milhões de dólares de negócio junto de consumidores seniores;
–Economia colaborativa, alterações climáticas e ameaças cibernéticas representam, em conjunto, 115 mil milhões de dólares de faturação em novos produtos e coberturas;
–Integração de soluções inteligentes em equipamentos e bens tradicionalmente protegidos por seguros P&C (Property & Casualty), ou seja, do ramo não Vida;
– Transferência de prémios para canais de distribuição alternativos, como grandes plataformas tecnológicas, fabricantes de bens de consumo, retalhistas de venda direta e até insurtechs.
As seguradoras terão de inovar nestas áreas para ganhar vantagens competitivas no novo normal dos padrões de consumo, ao mesmo tempo que adaptam as respetivas carteiras de negócios e produtos para serem mais resilientes na mudança, sugere a pesquisa.
Com a inclinação dos consumidores para a utilização dos canais digitais e plataformas de terceiras partes, as seguradoras que resistirem à mudança perderão 5% da sua receita. Focarem-se na inovação orientada para dados (data-driven) ajudará as seguradoras a capacitarem-se para estratégias de negócio mais resilientes, explica o relatório.
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