Línea Directa estreia na Bolsa a subir 30%. Não descarta aquisições
“Valemos muito mais do que os 1 434 milhões de euros da valorização que nos foi atribuída”, afirma Miguel Ángel Merino. O administrador delegado antecipa entrada em outros ramos de seguro.
A Línea Directa, seguradora controlada pelo Bankinter, estreou-se na bolsa espanhola (BME). Além da Mapfre e da Catalana Occidente, a seguradora que tem o banco e a sociedade Cartival (de Jaime Botín) como os maiores acionistas, emerge como a terceira espanhola a negociar no mercado de capitais.
O título estreou-se a 29 de abril, transitoriamente a negociar no Ibex 35 (a partir do dia seguinte integrará a lista do Mercado Contínuo) e a subir até 30% nas primeiras horas de negociação, cotando em torno de 1,7 euros/ação, contra 1,318 euros por título no começo da jornada na bolsa de Madrid. A valorização do papel significa mais-valias consideráveis para os detentores de capital da companhia que, cindida do banco, prometeu que distribuirá 70% dos lucros de cada exercício.
Com a admissão ao mercado acionista (82,6% do capital social da companhia), Línea Directa Aseguradora não se liberta do acionista do Bankinter (que continua a deter 17,4% do capital da seguradora), mas ganha independência estratégica e transparência, ao mesmo tempo que reforça a estrutura de capital. A transação na bolsa demonstrará que o banco e a seguradora “valem mais em separado do que juntos,” disse Ángel Merino, administrador delegado da companhia em entrevista ao jornal El País.
A seguradora, com 25 anos de atividade e 3,2 milhões de clientes, assume ter a Mutua Madrileña como único concorrente, por operarem as duas um sistema de vendas sem mediadores.
A caminho da BME já apresentava 35% de rentabilidade sobre capitais próprios, o RoE “mais alto da Europa”. Esta vantagem, explicou Merino, decorre da gestão do rácio de gastos e de sinistros da companhia (dotada de sofisticada seleção de riscos e utilização de big data), que melhora em “quase 10 pontos” o da concorrência. Por isso, conclui, é que a seguradora pode oferecer preços até 30% mais competitivos que a média do mercado.
A companhia fatura cerca de 900 milhões de euros, números que alcançou unicamente por via orgânica, sem realizar aquisições ou fusões. Em resultado da [nossa] estratégia “somos um valor anticíclico atrativo, com altas perspetivas e crescimento e rentabilidade”.
Questionado sobre a eventualidade de ser alvo de uma OPA (Oferta Pública de Aquisição), Miguel Ángel admitiu que “tudo se compra e se vende”, mas foi adiantando “valemos muito mais do que os 1 434 milhões da valorização que nos foi atribuída” na operação de admissão ao mercado acionista.
Com o impulso que a companhia espera ganhar enquanto cotada, confia poder concretizar ambição de crescer para outros ramos, além de automóvel, habitação e, mais recentemente, o seguro saúde: “interessam-nos negócios de grande crescimento e de distribuição massiva.” Os ramos funeral e Vida, embora mais complexos na componente financeira, “encaixam nessa definição,” esclareceu o responsável acrescentando “não descartamos nada, tudo está ser estudado.”
Quanto à possibilidade de a Línea Directa comprar outra companhia, Merino não desarmou: a empresa sente-se “mais confortável” a crescer organicamente, “mas nada está descartado.”
Dias antes da estreia no mercado bolsista, os números da Línea Directa ainda foram divulgados pelo Bankinter, os últimos antes da cisão. A seguradora alcançou 39,4 milhões de euros antes de impostos no primeiro trimestre (1ºT), mais 2,2% do que o resultado de igual período em 2020.
O desempenho da seguradora no 1ºT representou 24,5% do lucro reportado pelo banco que, após a admissão da seguradora ao mercado de capitais (BME), manterá cerca de 17% de participação acionista na Línea Directa Aseguradora.
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