Eleição de representante da TAP permitirá “ouvir mais de perto voz dos trabalhadores”

  • Lusa
  • 4 Junho 2021

O Ministério das Infraestruturas e Habitação diz que a eleição de um representante dos trabalhadores para o Conselho de Administração da TAP permitirá “ouvir mais de perto a [sua] voz”.

O Ministério das Infraestruturas e Habitação (MIH) disse esta sexta-feira que a eleição de um representante dos trabalhadores para o Conselho de Administração da TAP permitirá “ouvir mais de perto a [sua] voz”, de acordo com um comunicado.

Os trabalhadores da TAP elegeram João Pedro da Conceição Duarte, com 42,51% do total dos votos, para os representar no Conselho de Administração, segundo uma comunicação interna a que a agência Lusa teve acesso.

A eleição para o cargo de administrador não executivo, segundo o documento, contou com a participação de 46,57% dos trabalhadores.

A tutela, por sua vez, “congratula-se com a forma exemplar e participada como decorreu o processo de escolha do representante dos trabalhadores do grupo TAP para o futuro Conselho de Administração”, lê-se na mesma nota.

De acordo com o ministério, “a eleição deste administrador não executivo permitirá aos trabalhadores serem parte das decisões que se tomam na empresa, acompanhando mais de perto tanto dos seus sucessos como das suas dificuldades”.

“Ao mesmo tempo”, continua o Governo, esta eleição “permitirá ao Conselho de Administração ouvir mais de perto a voz dos trabalhadores e avaliar de forma mais informada o impacto que as decisões tomadas têm na forma de trabalhar dos milhares de pessoas que fazem, todos os dias, a vida do grupo TAP”.

O ministério saúda também “o candidato vencedor João Pedro da Conceição Duarte, que será indicado pelo acionista Estado como administrador não executivo da TAP SGPS e proposto para eleição na assembleia-geral da TAP SGPS, marcada para 24 de junho, que designará os órgãos sociais para o próximo mandato”.

O Governo remata com “uma palavra de reconhecimento também aos restantes candidatos a esta eleição, pela sua disponibilidade para trabalhar em prol do sucesso da companhia aérea nacional e a todos os trabalhadores que participaram nesta escolha”.

João Pedro da Conceção Duarte é chefe de cabine, trabalhador na TAP desde 1992, e candidatou-se a representante dos trabalhadores por considerar que esta eleição “é uma oportunidade única e não deve ser desperdiçada em prol daquilo que é o interesse de todos os trabalhadores”, segundo referiu na apresentação da sua candidatura.

“Vivemos tempos difíceis, enfrentámos desafios que nunca esperámos, vimos acontecer coisas que não deviam ter acontecido, ouvimos dizer coisas que não deveriam ter sido ditas. Lemos coisas que não deveriam ter sido escritas. Daqui para a frente é preciso valorizar mais o papel dos trabalhadores com mais respeito, dignidade e equidade”, disse.

Na apresentação da sua candidatura, João Duarte considera que, “apesar de não ser fácil, é possível mudar alguma coisa”, referindo que tinha “sinais e apoio nesse sentido” e manifestando confiança na TAP enquanto “uma companhia de excelência” e nos seus trabalhadores, “que contribuem diariamente com o seu empenho e dedicação”.

De acordo com o regulamento para estas eleições, a validação das candidaturas apresentadas, num total de seis, foi efetuada pelo representante do Ministério das Infraestruturas e pelo secretário da sociedade TAP SGPS, tendo o fecho do lote de candidatos sido no dia 28 de maio.

Depois, os candidatos apurados beneficiaram “de um período de cinco dias (de 29 de maio a 02 de junho) para apresentação das suas candidaturas aos trabalhadores da TAP”, sendo que a eleição decorreu na quinta-feira na intranet da empresa.

Eleição de representante “em nada diminui capacidade reivindicativa”, diz Sitava

O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) assegurou esta sexta-feira que a eleição de um representante dos trabalhadores para o Conselho de Administração da TAP “em nada prejudica a autonomia” nem diminui a “capacidade reivindicativa”, segundo um comunicado.

“O resultado da decisão que tomámos em participar é público, teve um vencedor e representa a escolha maioritária dos trabalhadores das empresas do Grupo TAP envolvidas nesta iniciativa”, refere a mesma nota.

O sindicato considera depois que esta iniciativa “foi uma tremenda precipitação da tutela, parecendo até, que se tinham lembrado disto na véspera”, recordando que foi lançada em “20 [de maio], para apresentar candidatos até 27, com um fim de semana de permeio” e que a validação das mesmas e votação foi em 03 de junho, “ainda por cima dia feriado”.

“Seguramente, foi o processo eleitoral mais rápido de sempre e, assim sendo, só por mero acaso poderia correr bem”, diz o Sitava.

O sindicato defende que a decisão “diz bem da leviandade com que foi lançado o processo”, acrescentando que “quem decidiu demonstra muito pouco conhecimento da realidade existente nestas empresas”.

“O facto de o Sitava ter decidido participar neste processo não encerra em si próprio um apoio incondicional a esta ideia de os trabalhadores elegerem um administrador”, justifica depois a estrutura.

“Pode, no entanto, se mal avaliado, induzir nos trabalhadores a ideia que, de algum modo, estão a participar na Administração da empresa, e isso tornar-se em fator inibidor de autonomia ou até de retração dos movimentos reivindicativos”, avisa o Sitava, acrescentando que, “ao tentar envolver os trabalhadores em processos sobre os quais estes não têm qualquer controlo, poderá estar subjacente aquela nova (já velha) ideia da cogestão”, da qual discorda, adianta.

“Assim, apesar de, a partir deste ano, existir no CA [Conselho de Administração] um administrador eleito pelos trabalhadores, em nada prejudica a nossa autonomia tal com também em nada diminui a nossa capacidade reivindicativa e de lutar pela defesa dos trabalhadores, como se verá já no imediato se a TAP insistir em avançar para um processo de despedimento coletivo”, remata o sindicato.

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