Portugal capta mil milhões com juros mais baixos. Paga 0,397% pela dívida a 10 anos

IGCP obteve mil milhões de euros, o montante máximo pretendido, numa operação de financiamento em que os custos baixaram face às emissões comparáveis. Taxas caíram no prazo a seis e dez anos.

Portugal voltou ao mercado com um duplo leilão de dívida de longo prazo. O país obteve mil milhões de euros, o montante máximo pretendido, numa operação de financiamento em que os custos baixaram face às emissões comparáveis, com destaque para a maturidade a dez anos em que o juro encolheu para 0,397%.

De acordo com dados da Reuters, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) colocou 700 milhões de euros no prazo mais longo, a dez anos. Aproveitou a taxa de 0,397%, que ficou aquém da registada no leilão com o mesmo prazo realizado há menos de um mês, a 12 de maio quando o país pagou 0,505%.

Esta quebra da taxa, além da procura que superou em 1,53 vezes a oferta, justifica-se com algum aliviar dos juros no mercado secundário, com a yield das obrigações do Tesouro nos 0,4%, atualmente.

“Após uma subida generalizada nas yields da dívida soberana desde o início do ano, e que para já atingiram o seu pico em maio, assistimos nas últimas semanas a uma inversão desta tendência, movimento que também se fez sentir no prémio de risco de Portugal“, diz Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.

Apesar de a inflação estar nos 2% na Europa, os investidores continuam confiantes em como o Banco Central Europeu (BCE) manterá a atual política monetária acomodatícia para ajudar à retoma no pós-Covid, mas também continuará no mercado a comprar dívida pública.

“Os discursos mais cautelosos por parte dos responsáveis dos bancos centrais, relativamente a um possível abrandamento nos programas de compra de ativos, ou mesmo retirada de estímulos, têm suportado este movimento” de alívio nos juros, acrescenta o especialista do Carregosa.

“Para já, parece existir um consenso de que a inflação a que estamos a assistir é transitória e será preciso existirem mais evidências para se verificarem alterações na política monetária”, remata. Esta quinta-feira, Christine Lagarde deverá reiterar esse compromisso de continuar a comprar dívida no mercado.

A “bazuca” do BCE permitiu que o IGCP conseguisse também uma taxa baixa no prazo mais curto, a seis anos. Nos títulos que atingem a maturidade em 2027, Portugal colocou 300 milhões de euros, com a taxa a ser negativa: -0,162%.

Esta taxa compara positivamente com a registada no leilão a seis anos realizado em março. Na altura, o IGCP obteve uma taxa de -0,086%, superior à conseguida nesta operação em que a procura superou a oferta em 4,33 vezes.

(Notícia atualizada às 10h56 com o comentário do Banco Carregosa à emissão de dívida do IGCP)

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