Investimento público é insuficiente para cumprir metas ambientais, diz Santos Silva
Ministro Augusto Santos Silva considera que metas energéticas e climatéricas não poderão ser alcançadas sem capital privado e apela às empresas para alinharem com as diretrizes europeias.
O Banco Português de Fomento (BPF) vai ter como missão financiar a economia verde e azul, tal como acontece com o Banco Europeu de Investimentos (BEI), segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. Na conferência Euronext ESG Summit, o governante avisou que sem capital privado e financiamento no mercado de capitais, não será possível alcançar as metas para a retoma.
“Em Portugal, a missão do nosso Banco de Fomento é financiar a economia azul e verde em linha com as diretrizes europeias para as finanças sustentáveis“, garantiu Santos Silva. “Financiar a economia azul e verde tem um papel crucial a desempenhar numa transição justa e para assegurar que o afastamento de setores intensivos em carbono, uso de recursos e poluidores beneficia trabalhadores, comunidades e a economia como um todo”.
Lembrou que, a nível europeu, o BEI define-se como banco do clima, com o compromisso de canalizar 1 bilião de euros para investimentos ambientais, sociais e de governo societário (ESG, na sigla em inglês) até 2030. Isto porque alcançar a neutralidade carbónica na Europa implica a realização de investimentos adicionais em valores estimados de 270 mil milhões de euros por ano.
Em simultâneo, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu incluir dívida sustentável aos ativos elegíveis para colateral que pede à banca. Augusto Santos Silva considera que a alteração “sinaliza apoio à inovação nas finanças sustentáveis”.
As iniciativas de finanças sustentáveis estão a acelerar por toda a Europa para se alinharem com o Green Deal e com o respetivo plano de investimentos apresentado pela Comissão Europeia no ano passado.
“Os instrumentos de recuperação da UE — o Next Generation EU e os quadros financeiros pluri-anuais — são fundamentais“, disse o ministro, lembrando que a estratégia de recuperação económica vai obrigar os países a dedicarem 37% do financiamento a investimentos sustentáveis, enquanto 30% da dívida que a UE emitir será green bonds.
No entanto, sublinha que o investimento não poderá ser só público. “Esta escala de investimento está claramente além da capacidade que o nosso setor público tem sozinho. O setor financeiro tem um papel fundamental a desempenhar no cumprimento dessas metas. Os investimentos sustentáveis devem ser priorizados, contribuindo para os objetivos de energia e clima, dinamizando a economia”, acrescentou.
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