Trabalhadores da Petrogal acusam ministro de “conivência intolerável” com Galp
Os representantes dos trabalhadores garantiram também que não vão abdicar de qualquer oportunidade e reunião com os governantes para denunciar o “caráter oportunista e ominoso dos despedimentos”.
Os trabalhadores da Petrogal acusaram esta quinta-feira o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, de “conivência intolerável” com a Galp, lamentando que o governante tenha apelidado o encerramento da refinaria do Porto como uma “transição justa”.
A Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal), a Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal e o Sindicato da Indústria e Comércio Petrolífero (SICOP) estiveram reunidos com o ministro do Ambiente nesta segunda-feira.
“O ministro do Ambiente e Transição Energética diz não saber como intervir para defender os postos de trabalho em causa na Galp. Esta postura apenas denuncia uma conivência intolerável com a situação criada, em coerência com a postura do mesmo ministro em todo o processo, em que ele próprio anunciou o encerramento da refinaria do Porto”, indicaram esta quinta-feira, em comunicado, a organizações representativas dos trabalhadores (ORT) da Petrogal.
Para as ORT, Matos Fernandes está assim “na disponibilidade de fazer coisa nenhuma” pelos funcionários “vítimas do que o mesmo apelidou de uma transição justa e que ninguém ficaria para trás”. Assim, dizem ter ficado com a impressão de que o ministro não quer saber dos trabalhadores e do impacto social causado pelo despedimento.
“[…] O ministro fez questão de vincar a sua férrea veia liberal, afirmando os seus dogmas em que o governo português, apesar de ser o segundo maior acionista direto do grupo, não deve influenciar a gestão da empresa e que o único propósito é receber os dividendos”, acrescentaram.
A Fiequimetal, a CCT da Petrogal e o SICOP acusaram ainda a administração da Galp de manter uma “permanente atitude hipócrita” ao mostrar-se preocupada com os trabalhadores, apesar de não ter voltado atrás com o despedimento. “Podemos mesmo afirmar que estamos perante a pior Administração de todos os tempos na longa história da empresa, que ficará com a chancela de ser a primeira a promover e executar despedimentos coletivos”, vincaram.
Os representantes dos trabalhadores garantiram também que não vão abdicar de qualquer oportunidade e reunião com os governantes para denunciar o “caráter oportunista e ominoso dos despedimentos”.
A Galp desligou a última unidade de produção da refinaria de Matosinhos, distrito do Porto, no dia 30 de abril, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines. Neste sentido, a empresa vai dar início a um despedimento coletivo de cerca de 150 trabalhadores desta refinaria e chegou a acordo com 40% dos cerca de 400 colaboradores.
A petrolífera justificou a “decisão complexa” de encerramento da refinaria de Matosinhos com base numa avaliação do contexto europeu e mundial da refinação, bem como nos desafios de sustentabilidade, a que se juntaram as características das instalações. Após ter decidido o encerramento da refinaria, a Galp encetou conversas individuais com os 401 trabalhadores em causa, chegando a acordo com mais de 40%.
“Dentro desses, mais de 100 continuarão a sua atividade, quer no parque logístico de Matosinhos, que manterá as suas funções de abastecimento ao mercado de combustíveis do Norte do país, quer por via da mobilidade interna para as áreas das renováveis, inovação, novos negócios e também para a refinaria de Sines”, adiantou à Lusa, em maio, o administrador da Galp Carlos Silva.
Por outro lado, mais 30% do total dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos irão manter-se, pelo menos, até janeiro de 2024, no âmbito das operações de desmantelamento e descontinuação. O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.
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