Portugueses estão mais ativos a investir poupanças, até em criptoativos
Portugal fica em sétimo lugar no indicador global de literacia financeira entre 26 países participantes em 2020. Há cinco anos, o país tinha ficado em décimo lugar.
Os portugueses estão a poupar menos, mas a investir mais essas poupanças. Apesar de os depósitos a prazo continuarem a ser o produto preferido dos aforradores para colocarem o dinheiro que põem de lado, ações, obrigações ou fundo de investimento estão a ganhar peso. E há já quem esteja a olhar para criptoativos como as criptomoedas ou initial coin offerings (ICO).
“A proporção dos entrevistados em 2020 [65%] que indicaram ter poupado no último ano é ligeiramente inferior à de 2015 (68,3%)”, releva o relatório do 3.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, da responsabilidade do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF). Este foi conduzido em 2020, cinco anos depois do último inquérito.
Acima da média estão os mais jovens (45,5% dos que têm 16 ou 17 anos) e os que têm idade acima de 55 anos (cerca de 42%), bem como desempregados (55,7%) ou aposentados (42,5%). Estes dados dizem respeito a 2020, mas ao período anterior à pandemia, durante a qual foram “forçadas” poupanças na ordem dos 9,5 mil milhões de euros pelas restrições à circulação e ao consumo. Apesar disso, a diretora do Departamento de Supervisão Comportamental do Banco de Portugal Maria Lúcia Leitão disse acreditar que, caso o inquérito tivesse sido feito em pandemia, os resultados “não seriam significativamente diferentes”.
“Entre os que pouparam, verifica-se um ligeiro aumento na proatividade na aplicação da poupança”, explica o relatório. Diminuiu ligeiramente a proporção dos que deixam a poupança na conta de depósito à ordem (de 60,8% em 2015 para 58,5%), manteve-se a percentagem dos que a aplicam em depósitos a prazo (em 33,2%) e aumentou a proporção dos que referem investir em ações, obrigações ou fundos de investimento (9,4% em 2020, que compara com 3,9% em 2015).
A proporção dos entrevistados que deu o dinheiro à família para poupar também aumentou (de 2,7% em 2015 para 6,8% em 2020). Cerca de 5,6% dos inquiridos aplicaram as poupanças de outra forma (incluindo transferências para a família no exterior, compra de ouro, compra de propriedades, compra de objetos de arte, entre outros). O investimento em criptoativos representa 1% do total (o que não era contemplado no anterior inquérito de há cinco anos).
15% confia nos planos privados para a reforma
A maioria dos entrevistados (80,8%) demonstra preocupação com o planeamento e controlo do orçamento familiar e 65% referem ter poupado no último ano. Cerca de 61% dos entrevistados afirmam ter capacidade de pagar uma despesa inesperada de montante equivalente ao rendimento mensal sem ter de pedir dinheiro emprestado ou a ajuda de familiares ou amigos.
“Há pouca tendência para a realização de compras por impulso e para comportamentos associados a situações de incumprimento”, refere o relatório, que aponta uma diminuição para 4,3% em 2020 (de 10,9% em 2015) nas pessoas que não pagaram contas ou pagaram fora de tempo. Apenas um quarto dos entrevistados afirma que, se perdesse a principal fonte de rendimento, conseguiria pagar as despesas por um período igual ou superior a 6 meses.
Também subiu a confiança no planeamento da reforma (43,9% em 2020 e 36,9% em 2015), bem como o número dos que pretendem financiar a reforma com um plano de poupança privado (15,2% em 2020 e 11,9% em 2015) ou de um fundo de pensões constituído pela empresa onde trabalham (4,4% em 2020 e 2,9% em 2015). “Todavia, aumentou também a percentagem de entrevistados que não planeia a reforma (18% em 2020 e 7,6% em 2015)”, sublinha o CNSF.
As fontes mais utilizadas para obter informação sobre produtos financeiros continuam a ser os conselhos dados ao balcão da instituição e de familiares ou amigos. Ainda assim, houve um crescente recurso à internet, que é usado por 23,4% das pessoas (contra 11,2% em 2015). Quase metade dos entrevistados indica que acompanha regularmente as notícias sobre economia.
Portugal em 7.º na literacia financeira
“Na comparação internacional de 2020, Portugal ficou em 7.º lugar no indicador global de literacia financeira [face ao 10º em 2015], entre os 26 países participantes, registando resultados acima da média neste indicador global e nos indicadores de atitudes e comportamentos financeiros.
Nos indicadores de resiliência financeira os resultados também foram particularmente positivos, tendo em conta, que num período prévio à pandemia, os portugueses evidenciaram uma capacidade acima da média para enfrentar choques financeiros, previsíveis (por exemplo, reforma) ou imprevisíveis (por exemplo, desemprego)”, acrescenta o relatório do inquérito que incluiu 1.502 entrevistados.
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