As pessoas tornam a arquitetura de software complexa… E isso é bom

  • Hugo Raimundo
  • 5 Julho 2021

É dever dos arquitetos garantir que os sistemas e processos que estabelecemos consideram toda a gente, uma abordagem à qual chamamos de "multi-everything".

Criar software já é complexo, mas esta complexidade aumenta exponencialmente quando as soluções a ser desenvolvidas são usadas por milhões de pessoas. Mas é importante notar que esta complexidade não surge apenas do código em si, mas também das estruturas sociais em torno do seu desenvolvimento. Com isto, como é possível criar soluções de larga escala com
qualidade, em múltiplas geografias e contextos vastamente distintos?

Antes de responder, permitam-me esclarecer outra questão. O meu dia-a-dia é a arquitetura de software e, naturalmente, perguntam-me muitas vezes o que é que isso é. Muito resumidamente, é desenhar sistemas, mas muito mais do que isso, a minha resposta é tipicamente que o verdadeiro foco da arquitetura de software são as pessoas. É dever dos arquitetos garantir que os sistemas e processos que estabelecemos consideram toda a gente – uma abordagem à qual chamamos de “multi-everything”.

Agora sim, podemos voltar à nossa questão inicial. Se o software é, inevitavelmente, influenciado por quem o cria, então deverá ser igualmente inevitável que quem o cria precisam ser grupos muito diversificados. Pessoas de diferentes contextos e com experiências de vida distintas são essenciais para todo o processo, pois irão sem dúvida, trazer perspetivas relevantes e diferenciadas para os desafios únicos do desenvolvimento de soluções de software “multi-everything”.

Esta abordagem estende-se também à multidisciplinaridade nas equipas de desenvolvimento, integrando pessoas que vêm (e bem!) de contextos inesperados. Acrescentando aos expectáveis engenheiros de software, outros profissionais como marketeers, analistas técnicos de negócio, gestores de programas e projetos, editores de conteúdos, tradutores entre tantos outros. Cada um contribui valiosamente, quer de forma ativa quer passiva, para o desenho da solução e para a sua melhoria contínua.

O papel das empresas é providenciar o ambiente em que estes elementos – a tecnologia, produto, marketing e as equipas multidisciplinares os desenvolvem -, possam interagir e colaborar de forma positiva. Com a diversidade a conquistar o seu correto lugar como pilar da qualidade no desenvolvimento de software, os efeitos desta mudança tornam-se visíveis nas suas múltiplas camadas incluindo, se não particularmente, na arquitetura de software.

O que isto significa é que as soluções de software desenvolvidas serão cada vez melhores e mais intuitivas para a grande pluralidade de públicos que irão utilizar o produto final.

  • Hugo Raimundo
  • Head of Architecture da Sky Technology Centre Portugal

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