Banca europeia tem 25% das receitas preparadas para recuperar da crise
Retenção de dividendos e baixas provisões fizeram com que a banca europeia tenha agora 25% do valor das suas receitas preparado para a recuperação da crise da Covid-19, aponta a Oliver Wyman.
A banca europeia tem 25% do valor das suas receitas preparado para a recuperação da crise da Covid-19, graças à retenção de dividendos e baixas provisões, segundo um relatório da Oliver Wyman divulgado esta quarta-feira.
Segundo o documento, “o sistema bancário está muito bem posicionado para desempenhar um papel fundamental na recuperação económica da Europa, com rácios de capital robustos, muito graças a provisões abaixo do esperado e ao congelamento de dividendos”, de acordo com a consultora.
Segundo a empresa norte-americana, há cerca de 160 mil milhões de euros em causa para fomentar a recuperação da crise causada pela pandemia, um valor que representa cerca de 25% das receitas do setor.
“O rácio médio de capital CET1 dos bancos europeus é de 15,3%, em comparação com 14,4% em 2019”, refere a consultora, que denota ainda que apenas “menos de 1% do capital total da indústria está em bancos com índices CET1 abaixo de 12%”.
A Oliver Wyman salienta ainda que em 2020, a banca tinha previsto perdas de crédito na ordem dos 200 mil milhões de euros, mas o valor final acabou por se cifrar nos 110 mil milhões, “ainda assim mais do dobro do que sucedera em 2019”.
“Os impactos da Covid-19 influenciaram as receitas dos bancos, em especial, nos países onde medidas mais rigorosas de combate à doença foram adotadas e onde o confinamento foi mais restrito”, refere a consultora, apontando para um valor de -8,1% no conjunto de Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Reino Unido.
Espanha e Portugal estão também “particularmente atingidos” no conjunto de países analisados no que ao turismo diz respeito, já que “nos países onde os bancos são impactados pelas oscilações dos setores do turismo e do entretenimento” houve 60% de quebras de receita.
De acordo com o responsável da Oliver Wyman para Portugal e Espanha, Pablo Campos, que colaborou para o relatório, “os bancos europeus têm uma oportunidade única para apoiar a recuperação após a pandemia e contribuir para resolver alguns dos principais problemas que a economia europeia enfrenta, tais como a transição verde para a sustentabilidade, a transformação digital ou a construção de novas infraestruturas de mercado”.
O responsável apelou ainda para a colaboração do sistema financeiro com os coordenadores de políticas económicas nos países, pois “se não o fizerem, os bancos europeus enfrentarão as consequências de não corresponder às expectativas sociais, políticas e dos acionistas”.
A Oliver Wyman aponta ainda riscos, como por exemplo “bolhas de ativos inflacionadas devido à liquidez excessiva do mercado, baixas taxas de juro e um frenesim especulativo em ativos digitais”, além do regresso do “espectro da inflação”.
Neste contexto, os cinco desafios da banca europeia elencados pela consultora serão “agilizar programas de empréstimos de emergência”, “adaptar-se à união do Mercado de Capitais e ao fundo da Next Generation da União Europeia”, “financiar a transição do carbono”, “entrega de pagamentos, empréstimos e outros produtos bancários numa economia digitalizada” e ainda “construir a infraestrutura financeira do futuro, incluindo potenciais moedas digitais do Banco Central”.
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