Problemas de memória, alucinações ou tremores. Há mais de 200 sintomas associados à Covid prolongada

Um estudo realizado pela University College London identificou mais de 200 sintomas de Covid prolongada que surge em pacientes já recuperados, mas que continuam a desenvolver sintomas.

Um estudo realizado pela University College London identificou mais de 200 sintomas de uma doença que têm vindo a ser apelidada de Covid prolongada ou “Síndrome Pós-Covid”, e que surge em pacientes já recuperados da infeção, mas que continuam a desenvolver sintomas ao longo do tempo.

Este é considerado o maior estudo internacional sobre a Covid prolongada e surgiu a partir da análise de 3.762 pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19 provenientes de 56 países e cujos sintomas prevaleciam após 28 dias. Nesta investigação, os cientistas identificaram 203 sintomas diferentes, dos quais 66 foram monitorizados ao longo de sete meses, segundo o estudo publicado na revista científica The Lancet (acesso livre, conteúdo em inglês).

Perante esta análise, os investigadores concluíram que para a maioria dos pacientes envolvidos na análise (mais de 91%), o tempo de recuperação excedeu as 35 semanas, isto é, mais de oito meses. Além disso, este estudo concluiu que a panóplia de sintomas, que vão desde problemas de memória, a alucinações, tremores ou zumbidos, afetaram 10 órgãos do corpo.

22% dos pacientes não estavam a trabalhar após a doença

Ficou ainda claro que após o sexto mês, os sintomas mais frequentes foram fadiga, mal-estar após esforço físico ou mental e disfunção cognitiva. Neste âmbito, os investigadores salientam que os sintomas e a sua prevalência são “variáveis” ao longo do tempo, pelo que foram identificados três grupos de sintomas.

Nesse contexto, mais de oito em cada dez pacientes (85,9%) tiveram recaídas, principalmente desencadeados por “atividade física, mental ou stress”, enquanto que 86,7% ainda não estavam totalmente recuperados, pelo que manifestavam alguns sintomas de fadiga. Ao mesmo tempo, quase metade dos inquiridos (45,2%) pediram para ter um horário de trabalho reduzido face ao que tinham antes de desenvolverem a doença, ao passo que 22,3% não estavam sequer a trabalhar devido à doença. Por fim, os investigadores destacam que quase nove em cada dez pacientes (88%) de todas as faixas etárias apresentaram perda de memória ou disfunção cognitiva.

Face a estas conclusões, os investigadores britânicos pediram ao governo inglês que criasse um programa de nacional de triagem, dado que consideram que isso poderia ajudar a compreender quantas pessoas estão a desenvolver esta síndrome e que tipo de apoio necessitam.

Além disso, foi ainda solicitado que as diretrizes clínicas para avaliar os pacientes com suspeita de Covid prolongada fossem alargadas e não incluíssem apenas exames cardiovasculares e aos pulmões. “Muitas clínicas pós-Covid no Reino Unido concentraram-se na reabilitação respiratória. É verdade que muitas pessoas têm falta de ar, mas também têm muitos outros problemas e tipos de sintomas que as clínicas precisam para fornecer uma abordagem mais geral”, aponta Athena Akrami, neurocientista e professora na University College London, que realizou o estudo, em declarações ao The Guardian (acesso livre, conteúdo em inglês).

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