“Seria preciso um desastre” para a GreenVolt falhar entrada no PSI-20
Manso Neto defende que as ações da GreenVolt foram vendidas baratas. Vê confiança do mercado na empresa, acreditando que será possível chegar ao PSI-20 em setembro.
Demorou algum tempo até haver uma nova cotada na bolsa nacional, mas ela chegou. Numa operação a passo acelerado, a GreenVolt avançou para a bolsa com uma Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla inglesa) em que arrecadou, no total, 150 milhões de euros, vendendo as ações ao valor mais baixo do intervalo. Mal entraram em bolsa, dispararam. O apetite dos investidores tem mantido os títulos com sinal positivo, podendo esta tendência ganhar dimensão com a ambicionada promoção ao PSI-20. Manso Neto, em declarações ao ECO, reitera a ambição. Diz mesmo que “era preciso um desastre” para não acontecer já.
Desde a estreia, a 15 de julho, a GreenVolt “esteve sempre acima do valor mínimo [de entrada em bolsa]”, salienta Manso Neto. Os títulos arrancaram a 4,25 euros, chegando a superar a fasquia dos cinco euros na estreia. Estão, atualmente, a cotar nos 4,70 euros, tendo apresentado ganhos expressivos nas últimas sessões, especialmente depois de os bancos colocadores das ações terem avançado para a compra dos títulos adicionais (o “greenshoe“) que tinham à disposição.
GreenVolt sempre acima do preço do IPO
“Os bancos tinham um mês para exercerem a opção de compra dos títulos adicionais da GreenVolt. Um mês! No entanto, exerceram ao fim de dez ou 11 dias“, nota Manso Neto. É sinal de que “estão confiantes de que de facto é um investimento sólido. É um sinal de muita confiança” na empresa que lidera, acredita.
Manso Neto contradiz quem critica o sucesso da entrada em bolsa por este ter sido feito ao valor mais baixo do intervalo, que ia dos 4,25 aos cinco euros. “Dizem… ‘venderam as ações pelo preço mínimo’. A transação não ficou pelo mínimo! Ficou pelo mínimo em termos de preço, mas pelo máximo de montante o que significa confiança na operação. E isso é positivo porque dá mais liquidez ao título”, atira. E essa liquidez é importante para chegar ao índice de referência da bolsa nacional.
“Estou convencido que sim”, que a GreenVolt será capaz de integrar rapidamente aquela que é a principal “montra” do mercado de capitais português, seguida por vários fundos de investimento. Manso Neto disse, no momento da entrada em bolsa, que esperava conseguir que a empresa de energia renováveis da Altri entrasse já em setembro, mas para isso é preciso cumprir uma série de critérios.
“Basicamente, temos de cumprir até 20 de agosto um conjunto de critérios, tanto em termos de dispersão de capital em bolsa como em termos de capitalização bolsista e de turnover”. “Penso que era preciso um desastre para não cumprir” estes critérios, falhando a promoção ao PSI-20, atira. “Estou muito esperançado que entremos em setembro”, diz, afastando favores da Euronext Lisboa que, atualmente, apenas tem 18 títulos dos 20 possível. “Não espero favor nenhum, nem quero. Nem preciso!”.
Acionista vendeu “barato” as ações
Vender as ações da GreenVolt a “4,25, 4,50 ou 5,00 euros, isto era sempre barato”, atirou o CEO aquando da entrada em bolsa. E mantém a perspetiva de que os títulos foram colocados no mercado a um valor atrativo, algo que tem vindo a ser corroborado pelo desempenho das ações desde que passaram a ser negociadas na bolsa de Lisboa.
O acionista maioritário [da GreenVolt, a Altri] já fez um esforço muito grande: vendeu [as ações] a um preço barato… a favor do mercado. Temos de valorizar isso.
A Altri colocou cerca de 30% do capital da GreenVolt em bolsa, posição que limite a liquidez dos títulos no mercado — e até levou a empresa a fazer um contrato de liquidez com o CaixaBI. Manso Neto diz que o “nível de dispersão não é mau”, mas também não é elevado. Afasta a crítica, preferindo valorizar o feito do acionista maioritário.
“O acionista maioritário já fez um esforço muito grande: vendeu a um preço barato… a favor do mercado. Temos de valorizar isso”, diz em declarações ao ECO. “O mercado só tem de estar agradecido que um investidor tenha aceitado diluir a um preço barato. Temos de desfrutar do que temos”, remata o CEO.
Há muita energia na bolsa, mas “não há clones”
Quanto maior a liquidez dos títulos, maior a probabilidade de o desejo de Manso Neto de ingressar no PSI-20 já depois do verão se concretizar. E a acontecer, o índice de referência passará a contar com mais uma cotada de um setor que os investidores já bem conhecem, o da energia. É mais uma, mas é diferente.
“A energia é um setor com algum dinamismo no mercado. Se fosse, por exemplo, o setor do tabaco, aí sim… era estranho“, diz Manso Neto, explicando que, de alguma forma, traduz um pouco do que é a economia nacional, algo que o PSI-20 procura promover.
O CEO da GreenVolt reconhece que “são muitas empresas de energia [no PSI-20], mas são diferentes”, o que acaba por ser positivo para os investidores. “Temos e EDP, depois a EDP Renováveis, que tem renováveis, nós [a GreenVolt] que somos diversificados, a REN, que é de transporte de energia, e temos a Galp Energia, que é uma petrolífera com uns laivos de renováveis”, diz. Ou seja, “temos energia, mas não estamos aqui com clones”, atira.
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