“Empresa permitiu utilização inadequada e desproporcional do vídeo”. Diretor de Recursos Humanos sai com farpas à liderança da TAP
Pedro Ramos comunica a sua saída num longo post no LinkedIn, onde aborda o episódio do vídeo e deixa alguns recados à liderança da companhia.
O diretor de Recursos Humanos da TAP, autor do polémico vídeo na Plaza Mayor, em Madrid, anunciou ontem oficialmente a sua saída da empresa, através de uma publicação no LinkedIn onde critica a forma como a empresa geriu o episódio que levaria à sua saída. Diz também que o processo de inquérito aberto pela companhia foi arquivado.
“As empresas escolhem as pessoas, mas… As pessoas também escolhem as empresas!” É o título do post na rede social, onde Pedro Ramos confirma que chegou a acordo com a TAP para a sua saída, deixando o cargo. Um “divórcio” que acontece após a divulgação de um vídeo realizado pelo próprio e um colega, João Falcato, diretor de recursos humanos da Manutenção & Engenharia, onde falam sobre a contratação de um responsável para a área de carga em Espanha, enquanto vão girando a câmara do telemóvel em 360º à noite, na Plaza Mayor.
O antigo responsável aborda, pela primeira vez, o caso. “Veio, de repente, pôr em causa os mais de 25 anos que tenho ao serviço da Gestão de Pessoas e, em especial, os terríveis, desgastantes e longos meses na gestão de uma situação em contexto de emergência nunca antes vivido”, diz. Afirma também que não teve intenção de “denegrir, “gozar” ou até revelar algum tipo de informação que não fosse já conhecida”.
Pedro Ramos deixa também algumas farpas à TAP, afirmando que a empresa permitiu “a utilização inadequada, descontextualizada, desvirtuada e completamente desproporcional do conteúdo” do vídeo. “A minha situação foi gerida pela TAP e pelos diversos interlocutores como se vivêssemos todos numa rede social e não em empresas profissionais”, acrescenta.
"A minha situação foi gerida pela TAP e pelos diversos interlocutores como se vivêssemos todos numa rede social e não em empresas profissionais.”
O antigo diretor de recursos humanos, que conta que um amigo lhe disse que tinha o “pior emprego do mundo à época”, lembrando os processos de lay-off, reduções salariais e saída de trabalhadores no âmbito do plano de reestruturação, incita também à reflexão dos “líderes de Pessoas”, extrapolando além do seu caso concreto.
“As empresas escolhem as pessoas de que precisam pelas suas competências, pela sua atitude, entre outros fatores… Mas, cada vez mais, as empresas devem preocupar-se com o facto desse processo estar claramente em inversão. Hoje, são cada vez mais as pessoas que escolhem as empresas onde querem estar, com que se identificam, com quem querem partilhar o seus valores e sobretudo o seu propósito”, escreve na publicação.
Mais à frente volta a deixar críticas à liderança da companhia: “A gestão da TAP demonstrou que não precisa mais do meu envolvimento enquanto Gestor das (suas) Pessoas, e eu assumo publicamente que deixei de escolher a atual TAP para poder empreender e fazer crescer e concretizar o meu propósito!”
Termina com um voto de “boa sorte” para “os excelentes profissionais que a ‘companhia de bandeira’ tem ao seu serviço”.
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