Menor adesão ao lay-off faz remuneração média dos trabalhadores subir 5,1%

Entre abril e junho, a remuneração média dos trabalhadores portugueses voltou a subir. Fixou-se em 1.395 euros, mais 5,1% do que há um ano.

A remuneração bruta mensal média por trabalhador registou uma subida homóloga de 5,1% para 1.395 euros, no segundo trimestre do ano. De acordo com os dados divulgados, esta quinta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), esta evolução é explicada pela diminuição significativa do recurso ao lay-off simplificado, já que o período compreendido entre abril e junho ficou marcado por um processo progressivo de desconfinamento e retoma da atividade.

No trimestre terminado em junho, a remuneração bruta regular média por trabalhador — que exclui os subsídios de férias e natal e, por isso, é menos sazonal — aumentou, em termos homólogos, 4,6% para 1.112 euros. Já a remuneração bruta base mensal média por posto de trabalho — que cobre somente a remuneração base — cresceu 4,2% para 1.046 euros. Em ambas as componentes, está em causa uma aceleração face aos aumentos registados nos primeiros três meses do ano. Se descontarmos a variação do Índice de Preços do Consumidor, as subidas da remuneração total, regular e base foram, respetivamente, de 4,3%, 3,8% e 3,4%, dizendo todos estes dados respeito a cerca de 4,2 milhões de postos de trabalho, de beneficiários da Segurança Social e subscritores da Caixa Geral de Aposentações.

Na nota divulgada esta manhã, o INE explica que esta evolução das remunerações médias registada no segundo trimestre do ano “foi influenciada pela diminuição significativa do recurso ao lay-off simplificado“, regime extraordinário que permite aos empregadores em dificuldades cortarem os horários de trabalho ou até suspender os contratos firmados com os seus trabalhadores. É importante notar que o período compreendido entre abril e junho de 2021 ficou marcado por um processo de desconfinamento, que levou as empresas a voltarem progressivamente ao trabalho e a abandonarem, em consequência, a referida medida de apoio ao emprego.

Os dados mostram isso mesmo. Em junho, apenas 2,9% do total das empresas tinham trabalhadores em lay-off simplificado, quando, em março, essa fatia tinha estado nos 16,7% e, em junho de 2020, nos 26,7%. E no sexto mês de 2021, 4% dos trabalhadores estiveram abrangidos por este regime. Isto quando, em março, 32,9% dos trabalhadores tinham estado nessa situação e, em junho de 2020, 48,9% dos trabalhadores tinham estado em lay-off simplificado.

Por outro lado, o INE detalha que, em junho, a remuneração total variou entre 844 euros nas atividades de agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca e 3.051 euros nas atividades da eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio. Em comparação com o período homólogo de 2020, foram as atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas a registar o maior aumento da remuneração total (13,6%), seguindo-se o alojamento, restauração e similares (11,4%). Também estas variações foram fortemente influenciadas pelo menor recurso ao lay-off simplificado.

Quanto à remuneração por dimensão da empresa, no segundo trimestre, voltaram a ser os empregadores com 250 a 499 trabalhadores a garantir os que melhores salários aos seus trabalhadores (1.788 euros). Já os ordenados mais baixos foram registados nas empresas com um a quatro trabalhadores. “Em relação ao período homólogo, as maiores variações da remuneração total foram observadas nas empresas de 20 a 49 trabalhadores e de dez a 19 trabalhadores (8,1% e 8,0%, respetivamente)”, lê-se na nota divulgada esta quinta-feira.

O INE acrescenta que no setor privado os salários médios aumentaram mais do que no público (0,5% contra 6,9%), sendo que também neste caso as dinâmicas são explicadas, em grande medida, pela diminuição da adesão aos regimes de lay-off por parte dos empregadores privados.

Aliás, o instituto faz questão de salientar que as remunerações mensais médias têm sido significativamente influenciadas pelo impacto económico decorrente da crise pandémica, avançando que nas empresas que estiveram, pelo menos, um mês em lay-off os ordenados médios ficaram, em junho, 10,3% abaixo da média da economia. “E os das empresas não lay-off [ficaram] acima daquela média (14,9% acima)”, é dito, na referida nota estatística.

(Notícia atualizada às 11h50)

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