Novo Banco tem 36 grandes devedores que geram perda de quatro mil milhões

Banco de Portugal atualizou a lista de grandes devedores em incumprimento no Novo Banco. Eram 36 os grupos económicos em falta no final de 2020, mais um do que em 2019.

O Novo Banco tinha 36 grandes devedores em situação de incumprimento em dezembro de 2020, mais um do que tinha no ano anterior. Ao todo, estes grupos económicos geravam uma perda de quase quatro mil milhões ao banco liderado por António Ramalho no final daquele ano.

Os dados constam do relatório com a informação agregada e anonimizada relativa a grandes posições financeiras do Novo Banco, divulgada esta sexta-feira pelo Banco de Portugal. Não são divulgados nomes dos devedores, embora muitos sejam já conhecidos publicamente.

Este reporte decorre da Lei 15/2019, que determina que sejam conhecidas as grandes posições financeiras em situação de default num banco sempre que este recorra a fundos públicos. Como tem acontecido no Novo Banco, que em abril deste ano voltou a pedir dinheiro ao Fundo de Resolução.

Os dados mostram mais um grande devedor em falta com o banco, quando comparado com a lista divulgada há um ano: é o devedor com o código 30, que de uma exposição original de 50 milhões de euros já gerou uma perda de 70 milhões para o banco até final de 2020. No total, estes 36 grupos económicos geravam uma perda de 3,99 mil milhões de euros ao Novo Banco no ano passado, entre perdas reais (3.379 milhões de euros) e imparidades (617 milhões).

Entre os que deram mais perdas ao Novo Banco estão o cliente 59 (301 milhões de euros), o cliente 63 (265 milhões), o cliente 52 (234 milhões) e o cliente 136 (227 milhões).

Ainda de acordo com a mesma informação, a exposição do Novo Banco a estes 36 grandes clientes ascendia a 894 milhões de euros no final de 2020 (face a uma exposição original de 4,7 mil milhões), sendo que apenas 277 milhões não estavam “imparizados”.

Devido ao elevado rácio de malparado, o Novo Banco tem feito um esforço para limpar o legado do BES com vendas de carteiras de ativos problemáticos. Tem neste momento em curso o Projeto Harvey, que inclui dívidas de 20 grandes clientes no valor bruto de 640 milhões de euros, incluindo do Grupo Lena. Quatro fundos internacionais submeteram propostas para comprar esta carteira: Deva, a Davidson Kempner, a DDM e o Bank of America Merril Lynch, conforme adianta o ECO.

O banco apresenta ainda um rácio de malparado superior a 7%, apesar do esforço realizado nos últimos anos para limpar o legado do BES — chegou a ter 33% de rácio de NPL. Continua, assim, a ter de reduzir a exposição a ativos tóxicos para atingir um rácio de 5%, em linha com as exigências europeias.

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