Javier Tebas questiona independência do TAS e ligação de Infantino à Super Liga

O presidente da Liga Espanhola questionou esta segunda-feira o papel do atual presidente da FIFA na elaboração da Super Liga e a "integridade" e independência Tribunal Arbitral do Desporto (TAS).

A Super Liga anunciada no início deste ano continua a dar que falar na esfera futebolística. Javier Tebas, presidente da Liga espanhola, considera que será muito difícil resolver os atuais conflitos no mundo do futebol, como a Super Liga ou a ineficácia do fair-play financeiro, devido a “incompatibilidades que não se podem negociar”. O dirigente espanhol questionou ainda a “independência” do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), o papel da FIFA na nova competição europeia e mostrou-se contra à realização do Mundial de dois em dois anos: “Se isso acontecer os prejuízos económicos para as ligas nacionais serão grandes e perder-se-ão muitos empregos.”

“Por vezes é impossível colocarmo-nos todos na mesma página. Os conflitos que estão a decorrer, tais como a questão da Super Liga ou o fair-play financeiro do Paris Saint-Germain (PSG), são modelos de futebol muito diferentes. As de um ou de outro são incompatíveis e não podem ser negociadas. Acreditamos na meritocracia e que a governação deve pertencer a todos os clubes e não apenas aos grandes. Não me posso sentar para negociar sobre essa questão. Ou ganha um ou o outro,” salientou o líder máximo da La Liga num painel da SIGA Sport Integrity Week 2021, evento que arrancou esta segunda-feira.

No que toca ao fair-play financeiro, Javier Tebas é perentório: “Podemos negociar contribuições de capital ilimitadas para clubes que são geridos pelo Estado [referindo-se ao PSG] ou que pertencem a patrocinadores ricos? Não, não é negociável. Temos de conhecer o modelo que queremos. E como são modelos tão diferentes temos de ser claros… Alguém tem de ganhar aqui.

O presidente da Liga espanhola aponta ainda o dedo à posição da FIFA, principal organismo do desporto rei, em relação à Super Liga, projeto promovido por mais de uma dezena de clubes — entre os fundadores estavam os espanhóis Real Madrid, FC Barcelona e Atlético Madrid — e que gerou forte oposição da FIFA, acabando por cair por terra.

“Nos documentos da Superliga, aparece o [Gianni] Infantino [atual presidente da FIFA]. Ele não levantou objeções. Se analisarmos devidamente as suas declarações, ele reconhece que se encontrou com os fundadores da competição e não o nega. Encontramo-nos num momento perigoso com a FIFA“, vincou Tebas.

“TAS não é independente”

As críticas não se focaram apenas na entidade FIFA, o dirigente espanhol virou as suas atenções também para a falta de “integridade” e “independência” do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS). Na sua ótica, é necessária uma mudança.

“Uma das minhas maiores preocupações em relação à integridade tem a ver com o mundo do TAS. Eu não acredito no TAS. Penso que a justiça desportiva tem que mudar. A UEFA condenou o PSG e o Manchester City por violarem o fair-play financeiro, os casos chegam ao TAS e absolvem-nos”, referiu o presidente de La Liga.

“Esta é uma questão crucial. O TAS não é independente. 80% do seu orçamento depende da FIFA e da UEFA. Também não é independente na nomeação de juízes. Entre seis árbitros eles tratam da maioria das questões futebolísticas. Dos 100 casos em processos da FIFA, 93% foram decididos a seu favor,” acrescentou.

Javier Tebas reagiu ainda, e de forma sucinta, às recentes notícias sobre a possibilidade do Mundial de futebol vir a ser disputado de dois em dois anos, invés de quatro em quatro anos.

Criar um Campeonato do Mundo de dois em dois anos. Se isso acontecer os prejuízos económicos para as ligas nacionais serão grandes e perder-se-ão muitos empregos. Todos aqui concordam que causa muitos danos, mas ninguém se atreve a falar e a lutar.”

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