Swiss Re projeta evolução da indústria global de seguros até 2040

  • António Ferreira
  • 14 Setembro 2021

O valor dos prémios do setor não Vida mais do que duplicará, com as coberturas de bens e responsabilidade em destaque, projeta a Swiss Re no "Rendez-vous" anual de Monte Carlo.

A procura global de seguros não-Vida alcançará em 2022 um valor recorde próximo de 6 000 000 000 000 de euros (7 biliões de dólares), com expansão estimada de 10% já este ano, face aos níveis pré-pandemia (2019), aponta a resseguradora, recuperando projeção divulgada em julho. Colocando o volume global prémios no setor de não-Vida a crescer 10%, face aos níveis do período pré-pandemia (de Covid-19), os economistas do Swiss re Institute esperam que a indústria termine o ano com 6,9 biliões de dólares e, pela primeira vez, ultrapasse os 7 biliões (USD 7 trillion) em 2022.

Exposição crescente a riscos, sinistros geradores de perdas inesperadas e maior consciência das ameaças, elementos que, junto com a litigância, caracterizam a designada inflação social nos seguros, serão fatores impulsionadores da procura, atualizam os economistas e especialistas responsáveis pelos estudos Sigma, estabelecendo agora uma primeira projeção para a evolução do mercado nos próximos 20 anos.

Para um horizonte temporal alongado até 2040, o grupo ressegurador suíço prevê que, embora continuando como principal fonte da receita, o ramo automóvel perderá peso a favor de outras linhas de seguros, nomeadamente a proteção de bens e responsabilidade civil, onde os custos da sinistralidade são comparativamente mais elevados.

Ramo automóvel tende a perder peso nos próximos 20 anos

O relatório “More risk: the changing nature of P&C insurance opportunities to 2040,” (sigma 4/2021), elaborado por economistas e especialistas do Swiss Re Institute, aponta para uma transformação profunda até 2040, antecipando que o setor de seguros não Vida (P&C) se tornará claramente mais complexo, tanto pela natureza dos riscos como pelas exigências de gestão do negócio, obrigando a uma “ação coletiva em conjunto com o setor público,” com vista a assegurar condições de vida mais sustentáveis no longo prazo, adverte Jerome Jean Haegeli, economista-chefe da Swiss Re no lançamento do relatório destacado nos Encontros de Monte Carlo (Setembro 2021), na presente edição ainda em modo virtual, por causa da Covid-19.

A evolução esperada também significa oportunidades, inclusive para diminuir o protection gap (vazio de proteção), perspetivando-se que o volume de prémios mais do que duplique, dos atuais 1,8 biliões, para 4,3 biliões de dólares (em 2040), com os mercados emergentes a liderar a expansão, até representarem 33% de quota global.

No horizonte do período considerado, em termos regionais, a quota dos mercados mais maduros diminuirá dos atuais 80%, para 67%, enquanto os emergentes (sem a China) reforçarão a sua parte, de 10% (em 2020), para 17% do total em 2040. Em termos do valor global de prémios, os seguros auto – que atualmente representam 42% da carteira P&C (não VIda) -, passarão a valer 32%, embora mantendo-se o maior na estrutura do negócio não-Vida.

Ameaça climática impulsiona seguro de bens

Por ramos de seguro, as CAGR (taxas crescimento anual compostas) estimadas apontam para 3,0% no automóvel, 5,3% esperados nas coberturas de bens e 4,7% nos prémios de responsabilidade geral.

A proteção contra riscos associados com o clima (sobretudo por conta dos designados perigos secundários, como como cheias e incêndios florestais) representará 33% a 41% do crescimento previsto para os seguros de bens, gerando 149 a 183 mil milhões de dólares de novos prémios de seguro em 2040, antecipa o Swiss Re Institute. Segundo recorda a entidade, a economia mundial perderá cerca de 18% do produto global (pib) até 2050 se não forem adotadas medidas de mitigação do risco climático.

Entretanto, o crescimento económico poderá ser o principal motor dos seguros de propriedade/bens, contribuindo com 75%, ou mais de 600 mil milhões de dólares, de novos prémios nas linhas de ‘property,’ a refletir o crescimento da urbanização nos emergentes.

O relatório adianta, globalmente, que os prémios de seguros de responsabilidade deverão triplicar até 583 mil milhões de dólares, passando a representar 13% do total de P&C, refletindo oportunidades geradas pelo desenvolvimento da inteligência artificial, ambiente regulatório, eventos cibernéticos, litígios e reparação de sinistros, em boa parte relacionados com alterações climáticas, em particular na Europa.

Com amplificação dos elementos “complexidade e risco” no negócio não-Vida, mais competências e rigor de subscrição, requisitos de capital e procura de (re)sseguro tenderão igualmente a crescer, sintetiza ainda um comunicado da resseguradora.

Pode aceder aqui, ao vídeo das intervenções de Thierry Léger, Group Chief Underwriting Officer e Moses Ojeisekhoba, Chief Executive Officer Reinsurance sobre perspetivas de evolução da indústria, por ocasião do mais recente rendez-vous anual da Swiss Re com a imprensa.

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