Vantagens da cloud convencem e serviços crescem 20% em Portugal
Em 2020, as receitas de serviços de cloud superaram as expectativas e atingiram os 300 milhões de euros. Microsoft e AWS lideram o ranking de fornecedoras, seguidas pela Salesforce e pela Google.
Apesar de 2020 ter sido um ano atípico, que afetou negativamente muitos setores, as áreas mais ligadas às tecnologias acabaram por sentir um efeito contrário, já que o modo virtual e online foram de uso preferencial na fase pandémica. Assim, as restrições do confinamento e o teletrabalho promoveram o aumento da utilização de soluções cloud computing e o mercado continuou a fazer, de forma intensa, a migração para esta tecnologia.
A International Data Corporation (IDC), fornecedor mundial de dados para o mercado das tecnologias de informação, divulgou recentemente que os serviços cloud cresceram 24,1% em 2020, atingindo um montante de 312 mil milhões de dólares (cerca de 265 mil milhões de euros), no final do ano passado.
O mesmo dinamismo fez-se sentir em Portugal. As empresas nacionais estão empenhadas em fazer a transição para uma economia cada vez mais digital e, nessa transformação, os serviços de cloud revelam um incremento substancial. Gabriel Coimbra, vice-presidente do grupo IDC e diretor geral em Portugal, afirma que, segundo as estimativas da empresa, “em 2020 os serviços de cloud cresceram cerca de 20% face a 2019, atingindo uma despesa total de 300 milhões de euros”. Explica ainda que este foi o segmento que mais cresceu no mercado das tecnologias, devido sobretudo às necessidades do teletrabalho, da maior segurança e de canais digitais de relacionamento com o cliente, como o e-commerce, áreas em que a “nuvem” acabou por representar uma boa solução.
Segundo o relatório internacional da IDC, o top 5 dos maiores players mundiais – liderado pela Amazon Web Services (AWS), seguido da Microsoft, da Salesforce.com, da Google e da Oracle – arrecadam para si 38% do mercado mundial e registam crescimentos superiores a 30% ao ano. “Os grandes players acabam também por dominar os mercados domésticos. Em Portugal estimamos que a liderança, por receitas, seja encabeçada pela Microsoft, seguida da AWS – ao contrário do que acontece a nível internacional -, ficando a Salesforce em terceira posição e a Google em quarta”, revela Gabriel Coimbra. Atualmente, as grandes empresas representam cerca de dois terços destas receitas.
AWS com milhares de clientes no mercado ibérico
“A procura de serviços de cloud está a crescer ano após ano em Portugal e percebemos isto nas nossas conversas com clientes”, explica Suzana Curic, Head of Digital Native and ISVs, da Amazon Web Services Iberia. Esta responsável explica que, para responder à procura, a AWS abriu, em 2018, escritório em Lisboa, embora já tenha clientes em Portugal há mais de 15 anos.
“Em 2019 anunciámos também a decisão de continuar a investir no país, disponibilizando o primeiro espaço da Amazon CloudFront Edge. Recentemente, assinámos um Memorando de Entendimento com o Governo para continuar a acelerar a adoção da cloud e a transformação digital nas empresas e organizações portuguesas”, explica Suzana Curic, acrescentando ainda que a AWS já conta com dezenas de milhares de clientes na Península Ibérica.
“A AWS apresenta, como clientes, algumas das empresas portuguesas de rápido crescimento, incluindo empresas novas e tradicionais, de diferentes setores, tais como a Galp, a Feedzai, a Globalvia, o Grupo Impresa, a Lusiaves, a OutSystems, a Unbabel, a Talkdesk, a Uniplaces, entre muitas outras”, revela. Fornece ainda serviços a organizações do setor público, como os municípios do Porto e de Cascais.
Portugal tornou-se um país muito relevante para o empreendedorismo sendo agora uma referência europeia na atração de startups.
Esta responsável afirma que nos últimos anos, “Portugal tornou-se um país muito relevante para o empreendedorismo sendo agora uma referência europeia na atração de startups. O panorama português de startups está repleto de empreendedores que estão a adotar tecnologias de cloud para experimentar novas ideias empresariais, de modo a reinventar integralmente as indústrias. Isto também é fundamental para impulsionar a transição digital para todo o país”. Acrescenta que a cloud está a democratizar o acesso à tecnologia, pois, com um modelo pay-per-use, as PME podem pagar apenas o que necessitam e aceder, tal como as maiores empresas do mundo, às tecnologias mais avançadas e com maior segurança.
Esta responsável ibérica refere que a AWS tem atualmente mais de 200 serviços completos para computação, armazenamento, bases de dados, redes, análises, machine learning e inteligência artificial (IA), Internet of Things (IoT), móvel, segurança, híbrida, virtual e realidade aumentada (VR e AR), entre outros. “Só em 2020, a AWS lançou 2.757 novos serviços e funcionalidades. Contratamos programadores que estão sempre atentos à forma como podem reinventar as experiências dos clientes e estamos orientados para o longo prazo e a tentar construir relações sólidas”, explica Suzana Curic.
As vantagens em fazer a migração para a cloud
A cloud computing consiste numa rede global de servidores, localizados em várias partes do mundo, interligados entre si e que funcionam como um ecossistema único. Estes servidores foram desenhados para armazenar e gerir dados, executar aplicações e gerir diversos conteúdos. Ou seja, quem usar esta tecnologia, em vez de aceder aos dados a partir de um computador pessoal, está a aceder a partir de um dispositivo com acesso à internet, estando a informação disponível em qualquer lugar e em qualquer momento.
A NOS é uma das empresas nacionais que disponibiliza esta tecnologia ao mercado empresarial e afirma ser pioneira na oferta de cloud híbrida com parceiros de referência, a AWS, a Microsoft Azzure e a Google Cloud. Tiago Ribeiro, diretor da área de desenvolvimento de negócio empresarial, explica que a cloud pode ser pública, quando a infraestrutura está aberta a uso do público em geral; privada, quando é exclusiva para o uso de uma entidade; ou em modelo híbrido, que mistura soluções de ambas as redes.
Há um estigma que a transformação digital é um desafio tecnológico, mas não é. Esta transição é sobre o negócio.
“Há um estigma que a transformação digital é um desafio tecnológico, mas não é. Esta transição é sobre o negócio. O mais difícil é a mudança de mentalidade e também combater alguma iliteracia digital, sobretudo ao nível das pequenas empresas”, explica. A migração para a cloud tornou-se mais evidente durante esta pandemia, pois os negócios – sobretudo os mais pequenos, no retalho e na restauração – perceberam a importância da flexibilidade e da elasticidade.
As grandes empresas, como a banca, que já estava a fazer esta transição, conseguiram reagir mais rapidamente aos constrangimentos da crise sanitária. “Foi necessário reagir de forma rápida aos fluxos de procura e vender online. Este foi mesmo um fator crítico. A cloud trouxe flexibilidade quer a nível operacional quer financeiro”. Tem a vantagem de ser hoje uma tecnologia disponível através de subscrição, em que não são necessários grandes investimentos em hardware, pois a empresa paga o que utiliza e em função das suas necessidades de utilização, explica o diretor da Nos.
Este responsável refere ainda que a Nos não vende tecnologia, vende sim soluções a quem tem necessidade de avançar para outros patamares de negócio e sobretudo garantir a continuidade dos mesmos. Estas soluções garantem, por exemplo, que não haja interrupções na rede, que haja a segurança necessária e que seja possível recuperar sempre a informação – no fundo, que todo o backup da atividade esteja na cloud.
“Temos soluções desde as coisas mais simples, como criar websites e alojar contas de email, às mais complexas. A solução híbrida é aquela em que são necessários recursos das duas, nomeadamente em áreas mais sensíveis como a saúde, que exigem algumas características da cloud privada”, explica. A tecnologia 5G vai ser um acelerador da migração para a cloud porque vai permitir ligar inúmeros dispositivos ao mesmo tempo, com menores velocidades de latência, permitindo o acesso a maiores quantidades de informação em menos tempo.
Cloud imprime maior velocidade de resposta nos negócios
Suzana Curic refere que, durante esta fase pandémica, “empresas e negócios de todas as dimensões e governos tiveram de se adaptar à nova situação e a tecnologia de cloud foi fundamental para gerir estas mudanças. Percebemos como a cloud está a ajudar os nossos clientes a executar planos fiáveis de continuidade empresarial, permitindo o teletrabalho, lançando novos serviços que respondem às necessidades reais, para otimizar os seus fluxos financeiros e reduzir os custos associados à diminuição da procura”.
Graças aos serviços de computação de cloud, as empresas podem inovar mais rapidamente para oferecer novos produtos e serviços, reduzir custos, aumentar a agilidade e a velocidade e tornar-se globais.
A responsável ibérica da AWS explica ainda que “graças aos serviços de computação de cloud, as empresas podem inovar mais rapidamente para oferecer novos produtos e serviços, reduzir custos, aumentar a agilidade e a velocidade, e tornar-se globais em apenas alguns minutos”. Acrescenta uma lista de vantagens de que os clientes beneficiam quando migram para a cloud, destacando em primeiro lugar a agilidade, uma vez que os utilizadores alteram rapidamente os recursos alocados aos negócios à medida que precisam, implantando centenas ou mesmo milhares de servidores em minutos.
Destaca ainda que os utilizadores da cloud conseguem economizar, pois esta tecnologia permite trocar despesas de capital por despesas variáveis, uma vez que só pagam os serviços quando necessitam de os usar e à medida que os consomem. A cloud também concede vantagens ao nível da elasticidade das empresas, o que significa que podem aceder à quantidade de recursos de que realmente necessitam, para responder a diferentes níveis de procura, sabendo que podem aumentar ou diminuir instantaneamente consoante as necessidades dos seus negócios.
“Existem algumas tendências tecnológicas que estão a acelerar a adoção de cloud e nas quais a AWS também se concentra. Duas delas são a Machine Learning (ML) e a Inteligência Artificial (IA). Acreditamos que, na plenitude do tempo, praticamente todas as aplicações serão infundidas com ML e IA”, remata Suzana Curic.
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