Grandes empresas avançam com vacinação da gripe junto dos colaboradores

Empresas, na maioria dos casos, comparticipam a totalidade dos custos da vacinação. Mas há quem alerte que tudo depende da disponibilidade de stock para assegurar a vacinação dos colaboradores.

As grandes empresas já estão a avançar com programas de vacinação, na sua maioria gratuitos, contra a gripe sazonal junto dos colaboradores, uma medida de saúde pública que visa garantir a proteção dos trabalhadores interessados, num momento em que no país ainda se combate a propagação do novo coronavírus e muitas companhias estão a promover o regresso ao escritório. Do retalho ao setor postal, da banca às farmacêuticas ou ao setor de energia, há milhares de trabalhadores abrangidos. E, em alguns casos, os seus familiares, mas aí sem comparticipação da empresa.

Desde 27 de setembro que decorre a vacinação gratuita para a gripe sazonal, estando previstas para esta época gripal (2021/2022) 2,24 milhões de doses de vacinas, uma subida de 146 mil face ao ano anterior, segundo dados da Direção-Geral de Saúde. “Até 1 de outubro já tinham sido inoculadas 79.045 vacinas”, adianta a DGS, decorrendo em simultâneo com vacinação contra a Covid-19.

Várias grandes empresas estão a receber, desde o início de setembro, inscrições dos colaboradores. É o caso da Nestlé. Desde o mês passado que a multinacional arrancou a campanha de vacinação da gripe sazonal, uma iniciativa que decorre todos os anos. “A vacinação contra a gripe não tem qualquer custo para os nossos colaboradores, ficando este totalmente a cargo da Nestlé. Estamos a falar de um universo de cerca de 2.300 potenciais colaboradores abrangidos por esta campanha”, adianta Maria do Rosário Vilhena, diretora de recursos humanos da Nestlé Portugal, à Pessoas.

O processo é voluntário e carece de pré-inscrição. “Esta manifestação de interesse não significa, no entanto, que possamos efetivamente vir a adquirir as vacinas necessárias, pois encontramo-nos dependentes da disponibilidade de stock da respetiva vacina“, alerta a líder de pessoas da multinacional. “Caso não seja possível assegurarmos a vacinação dos nossos colaboradores através do nosso serviço médico (como de habitual), reembolsaremos os colaboradores de eventuais custos que possam ter com a aquisição da vacina; as ausências para toma da vacina são consideradas como faltas justificadas pagas”, destaca.

No grupo Jerónimo Martins, o período de inscrições arrancou “recentemente”. “As vacinas são administradas pelos nossos serviços médicos ou, em alternativa, através da rede de farmácias distribuídas em território nacional, ao abrigo de um protocolo estabelecido com a Associação Nacional de Farmácias, de forma a reforçar a acessibilidade e conveniência no acesso das pessoas à vacinação”, informa fonte oficial do grupo dono do Pingo Doce e do Recheio. Uma iniciativa que ocorre com regularidade no retalhista alimentar e que só no ano passado significou a administração de cerca de seis mil vacinas no âmbito deste programa, num investimento superior a 50 mil euros.

“Os nossos colaboradores podem ainda esclarecer as suas dúvidas recorrendo à linha telefónica interna Covid-19 Gripe, ou através da campanha interna de comunicação que inclui, por exemplo, um vídeo onde os nossos serviços médicos respondem a algumas das principais questões sobre a gripe”, destaca a empresa que, no ano passado, investiu em Portugal 830 mil euros em programas de saúde para os trabalhadores.

Também a Sonae MC disponibiliza a vacina da gripe aos seus trabalhadores de forma gratuita, através de um programa alargado de vacinação contra a gripe. Em média, são administradas cerca de cinco mil vacinas por ano.

“Queremos garantir ambientes de trabalho saudáveis e seguros de forma a assegurar a saúde física, mental e social de todos os colaboradores e contribuir desta forma para a redução do absentismo, das doenças profissionais e dos acidentes de trabalho, melhorando a motivação e a realização profissional”, esclarece fonte oficial da companhia.

Regra geral, a vacina é administrada nas instalações da Sonae MC, segundo agendamento prévio e recorrendo a profissionais de saúde internos e outros contratados na altura para o efeito. Além disso, no âmbito deste programa de saúde preventivo, todos os colaboradores recebem “informação através de vários canais, promovendo a iniciativa e divulgação de boas práticas no que respeita à prevenção contra a gripe”, acrescenta a mesma fonte.

Questionado sobre o mesmo tema, o Lidl adiantou que não tem em curso nenhum programa de vacinação contra a gripe sazonal junto dos seus trabalhadores.

Já o El Corte Inglés, por sua vez, já deu início a um programa de vacinação que potencialmente pode abranger um universo de 3.200 colaboradores. “Vamos permitir que todos os colaboradores tenham acesso ao plano de vacinação da gripe. Na empresa sempre o oferecemos a alguns coletivos, sendo que, desde o ano passado abrimos a todos os interessados”, adianta fonte oficial dos grandes armazéns, com presença em Lisboa e Porto.

“A empresa suporta a totalidade do preço da vacina”, reforça, lembrando que qualquer colaborador se pode inscrever para a vacinação. “Consoante as vacinas que conseguimos obter, serão distribuídas por prioridades (idade, funções com mais risco, problemas saúde associados)”, precisa.

Na Fnac, a vacinação dos colaboradores contra a gripe sazonal é “fundamental”, assegura Joaquim Almeida, diretor de recursos Humanos da cadeia de retalho especializado. E não é de agora. “À semelhança dos anos anteriores, estamos a promover uma política de vacinação da gripe sazonal junto dos nossos colaboradores. Consideramos que a mesma é fundamental, pelo que pretendemos continuar a providenciá-la”, argumenta.

“A Fnac comparticipa na totalidade a vacina a todos os seus colaboradores que se inscrevam para o efeito”, refere o diretor de RH. Os familiares também podem aderir, mas aí as condições são distintas. “Caso os agregados familiares destes (como cônjuges ou filhos) pretendam, podem também inscrever-se e ser vacinados. No entanto, estas vacinas terão de ser pagas integralmente pelo colaborador (tendo um custo de 13,90 euros), estando ainda sujeitos a disponibilidade por ordem de inscrição, uma vez que existe um stock limitado”, explica.

Potencialmente todos os 1.650 colaboradores podem ser vacinados, mas “na realidade só temos cerca de 250 inscrições, sendo este o número médio anual que temos vindo a registar”.

Na Ikea a vacinação da gripe está incluída no pacote de benefícios para o bem-estar dos colaboradores. “É um dos muitos investimentos que fazemos nesta área, do qual cerca de 350 colaboradores usufruem anualmente”, adianta Cláudia Domingues, diretora de comunicação da Ikea Portugal.

“Disponibilizamos através do nosso gabinete médico interno a possibilidade dos nossos colaboradores – que tenham interesse – vacinarem-se contra a gripe sazonal”, refere ainda. “A vacinação contra a gripe está aberta a todos os colaboradores Ikea e promovemo-la internamente para melhorar o dia a dia dos nossos colaboradores, minimizando o impacto negativo que a gripe pode ter”, realça

Vacinação contra a gripe sazonal é uma iniciativa também anual no Montepio, abrangendo os colaboradores interessados. Depois, “a vacina é-lhes administrada por enfermeiros, que se dirigem aos respetivos locais de trabalho, em todas as geografias do continente e ilhas”, informa fonte oficial do banco.

“A verba destinada a esta campanha está prevista anualmente no orçamento da Segurança e Saúde no Trabalho e estimado com base nos valores homólogos, dependendo dos valores de mercado”, diz o banco, sem adiantar valores para o custo desta iniciativa para a organização.

“Esta oportunidade tem sido extensível a outras empresas do Grupo Montepio, sendo que cada uma delas se pronuncia pela adesão ao programa e suporta os custos respetivos. A área de Segurança e Saúde no Trabalho do Banco Montepio, apoia logisticamente todo o processo”, refere. O universo potencial de colaboradores abrangidos é de cerca de 3350.

Nos CTT, a campanha de vacinação contra a gripe sazonal repete-se este ano, “considerando o contexto de pandemia Covid-19 e porque a prevenção e a proteção das nossas pessoas é uma prioridade”, refere fonte oficial do operador postal.

A campanha decorre de uma parceria com a Associação Nacional de Farmácias, “permitindo maior comodidade na toma da vacina num número alargado de farmácias portuguesas aderentes à rede”, diz, que será ministrada aos “colaboradores interessados mediante prescrição médica e inscrição prévia, sendo que a empresa comparticipa o respetivo custo.”

O operador postal suporta “50% do custo não comparticipado pelo SNS e do preço de administração da vacina para os colaboradores que aderiram à campanha, sendo o universo potencial todos os colaboradores do Grupo CTT.”

“A Bayer oferece anualmente a possibilidade de vacinação contra a gripe a todos os seus colaboradores. Esta medida de saúde pública visa garantir a proteção de todos os colaboradores interessados”, adianta Maria João Deus Lourenço, a diretora de recursos humanos da farmacêutica. Anualmente, cerca de 30% dos colaboradores — de um total de 270 — “procura esta medida de proteção”, ainda a responsável da farmacêutica. “É algo que temos visto crescer em interesse.”

Desde o início de outubro que a Galp abriu as inscrições para a vacina da gripe sazonal, tendo ainda realizado “uma ação de comunicação com foco nas vantagens para a vacinação”, adianta fonte oficial da energética. “Há vários anos que a vacinação contra a gripe sazonal é uma das campanhas de prevenção da Saúde Ocupacional com maior sucesso na Galp”, refere a mesma fonte. No ano passado foram administradas 900 vacinas, correspondente a 30% do universo da Galp em Portugal.

A energética “suporta integralmente o valor da vacina para os seus colaboradores” e, logo que as vacinas são disponibilizadas no mercado, começa a administrá-las através dos Serviços de Saúde Ocupacional.

Já antes da pandemia na NOS era promovida a vacinação contra a gripe sazonal junto dos trabalhadores, medida que faz parte “de um conjunto de iniciativas no âmbito da Segurança e Saúde no Trabalho, que visa a proteção e o bem-estar dos colaboradores”, refere fonte oficial da operadora.

“A disponibilização e aplicação da vacina da gripe sazonal ocorre nas instalações da NOS, sendo totalmente comparticipada pela Empresa. Esta iniciativa é acompanhada por sessões prévias de esclarecimento aos colaboradores, com a participação de profissionais de saúde”, adianta ainda a mesma fonte. A vacina não tem qualquer encargo para os colaboradores. “A adesão nos últimos anos tem vindo a aumentar, atingindo cerca de 40% da população.”

“A Vodafone não vai promover uma política de vacinação da gripe junto dos colaboradores, deixando essa decisão na esfera pessoal de cada colaborador e de acordo com as recomendações médicas individuais”, diz.

 

(Notícia atualizada às 10h13 de dia 14 de outubro com declarações da NOS)

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