“A transição verde é cara, muito cara, extremamente cara”, diz ministro francês da Economia
Diz o ministro Bruno Le Maire que a transição verde exige "dinheiro, muito dinheiro", que os Estados não têm e precisam que a banca e o mercado de capitais se cheguem à frente para financiar.
A apenas três dias do início da COP26 em Glasgow, Bruno Le Maire, ministro francês da Economia, Finanças e Recuperação fez questão de pôr o dedo na ferida durante a apresentação da nova ferramenta One Planet Data Hub, na conferência virtual de alto nível One Planet Summit, dedicada ao tema “Transformar os compromissos individuais em feitos mundiais”.
Na opinião do governante francês nem todos os países do mundo estão esforçar-se da mesma forma para lutar contra as alterações climáticas. A somar a isso, a transição verde exige “dinheiro, muito dinheiro”, que os Estados não têm e precisam que a banca e o mercado de capitais se cheguem à frente para financiar.
“Sejamos claros, a grande questão por detrás dos esforços para lutar contra as alterações climática é o dinheiro. Não devemos ter medo de o dizer. A transição verde é cara, muito cara, extremamente cara. Precisamos de dinheiro e de muito dinheiro”, começou por dizer Bruno Le Maire.
E deu o exemplo do seu próprio país: só no que diz respeito a França, e ao investimento no sistema energético, estamos a falar de um bilião de euros. “Não podemos separar as questões climáticas das questões financeiras. Estes dois temas chave têm de estar juntos: financiamento e clima, finanças e clima”, frisou o ministro, acrescentando: “As finanças têm de ser verdes para que vençamos a batalha contra as alterações climáticas”.
E foi ainda mais longe ao dizer: “Não vou pagar sozinho esta conta de um bilião de euros. Não temos essa verba. Os Estados não podem agir sozinhos. Precisamos do setor privado e financeiro. Têm de agir, fazer mais”.
Quanto às diferenças de intenções e de ações entre estados “nesta luta”, garante que estão a aumentar, enquanto devia ser uma questão de preocupação para todos. “Com a crise energética, o carvão está de volta e isso é mau para todos nós. Juntos venceremos, divididos perderemos”, disse.
Bruno Le Maire enalteceu as “ações de liderança de França para financiar a transição verde”, como os 30 mil milhões já disponibilizados, o fim ao financiamento de centrais a carvão no estrangeiro, o mesmo para projetos de gás e petróleo até 2025 e 2035, entre outras medidas.
“Mas outros Estados não fizeram o suficiente e têm de tomar ações fortes e rapidamente para se juntarem ao coletivo”, apelou o ministro.
Desde 2017, quatro Cimeiras One Planet reuniram 40 coligações de stakeholders privados de mais de 140 países para assumir compromissos coletivos sobre gestão de risco, metodologia, transparência e alinhamento com o Acordo de Paris. Centenas de instituições financeiras e empresas comprometeram-se a transformar a economia para cuidar do clima. Mas, até ao momento, não houve uma forma simples de contabilizar essas centenas de compromissos e ações.
Por isso, França lança agora a ferramenta One Planet Data Hub, para saber quem está a fazer o quê pela luta pelas alterações climáticas? “Vai ser uma ferramenta importante para a transição ecológica”, disse o ministro.
“A luta contra as mudanças climáticas é uma corrida contra o relógio, por isso devemos cooperar. Mas a multiplicação de coligações e a heterogeneidade de compromissos, traz consigo o risco de diluição da ação, e de certa forma, de julgar mal nossos esforços coletivos. Devemos garantir as diferentes coligações que temos estabelecidas são fáceis de entender, mais eficazes e mais homogéneas. É para isso que o hub de dados One Planet foi feito”, explicou o presidente de França Emanuel Macron na cimeira One Planet.
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