“Cabe aos clubes criar condições para que nova geração consiga desenvolver-se”
O treinador André Villas-Boas acredita que o futebol precisa de se adaptar às nova geração de atletas. Menor carga de jogos e tempo livre foram algumas das medidas enumeradas pelo técnico português.
Os novos jogadores não têm tempo para se desenvolver e se focar na sua saúde mental, cabendo às organizações desportivas “criar as condições ideias para que esta nova geração consiga desenvolver-se”, defendeu o treinador português André Villas-Boas, durante a Web Summit, no painel “Inside the Mind of the Elite”.
“Os líderes das gerações X (entre 1960 e 1980) e Z (entre 1995 e 2010) diferem imenso. Hoje em dia um atleta, e até mesmo um trabalhador comum, são menos focados e menos ambiciosos devido a todo o ruído que nos rodeia atualmente, com inúmeras distrações e a forte presença das redes sociais”, começou por referir o técnico português. “Os poucos que não têm estas características conseguem ser líderes e atingir níveis elevados de performance. Cabe-nos a nós, organizações, treinadores e clubes de futebol criar as condições ideias para que esta nova geração consiga desenvolver-se”, rematou o antigo timoneiro de 44 anos.
Para além de todo o ruído à volta dos jogadores, André Villas-Boas acredita que os atletas tem outra problemática em mãos, como a questão do elevado número de jogos disputados ao longo de um ano. A título de exemplo, em média, os clubes podem disputar mais de 50 partidas numa só época, o que perfaz um total de 4.500 minutos jogados.
“É preciso que o número de jogos seja diminuído, para que os jogadores tenham tempo para se desenvolver, isto porque maior parte dos atletas tornam-se profissionais quando atingem os 20 anos, ou seja, não têm tempo para se desenvolverem ou até mesmo para estudarem o adversário. Já me aconteceu situações na minha carreira, em que tive atletas em que perguntavam quem iríamos enfrentar no fim de semana. É muito importante que os clubes de futebol se consigam adaptar a esta nova geração e colocá-los no caminho certo“, explicou o ex-treinador que passou por emblemas como FC Porto, Chelsea ou Zenit.
Com o tema da saúde mental a ganhar destaque na última edição dos Jogos Olímpicos, na cidade de Tóquio, Villas-Boas aproveitou os holofotes sobre o tema para referir que o tempo livre pode ser um alicerce importante para minimizar o problema.
“O futebol precisa que os jogadores tenham mais tempo para se desenvolverem e para se focarem na sua saúde mental. Estes atletas estão constantemente sobre tremenda pressão. Podemos ver inúmeros exemplos nos anteriores Jogos Olímpicos, em que atletas não conseguiram lidar com a pressão”, disse.
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