PJ faz centenas de buscas por suspeitas de tráfico de ouro, diamantes e droga no Exército

  • ECO e Lusa
  • 8 Novembro 2021

Autoridades suspeitam que miliares que estiveram em missões no estrangeiro, incluindo na República Centro Africana, estejam envolvidos num esquema de tráfico de ouro e diamantes.

A Polícia Judiciária (PJ) está a realizar esta segunda-feira buscas em mais de uma centena de locais por todo o país, numa operação suscitada por suspeitas de tráfico de pedras preciosas e ouro, envolvendo as Forças Armadas. A notícia está a ser avançada pela TVI e pela RTP.

Segundo a TVI, existem vários mandados de detenção para comandos e ex-comandos, numa investigação a um possível esquema de associação criminosa envolvendo missões portuguesas ao abrigo da ONU em países como a República Centro Africana.

As autoridades terão na sua posse indícios que apontam para que miliares que estiveram em missões no estrangeiro tenham montado um esquema de tráfico de diamantes, ouro e droga, bem como de branqueamento de capitais com recurso a criptomoedas como a bitcoin. As suspeitas envolvem ainda antigos militares e elementos das forças de segurança.

Estas buscas estão a ser realizadas em vários locais, sendo que o juiz Carlos Alexandre já terá emitido, pelo menos, 12 mandatos de detenção, segundo a RTP.

Buscas a comandos “não afetam imagem do país”

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse esta segunda-feira que a imagem de Portugal não sai afetada por causa de buscas ao Regimento de Comandos por suspeitas de tráfico de diamantes em missões militares noutros países.

“Não afeta a nossa imagem internacional. Se as autoridades judiciais entendem que há indícios que exigem investigações, essas investigações devem ser feitas. Vigora o princípio da separação dos poderes. Não tenho nada a dizer sobre investigações em curso”, disse Augusto Santos Silva.

Já o secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional afirmou que “as investigações são muito importantes” para a credibilidade das instituições militares, ao comentar a operação que visa militares por alegado envolvimento em tráfico de diamantes e ouro.

“Como é evidente, vivendo nós num Estado de direito e existindo separação de poderes, estas questões devem ser investigadas de uma forma absolutamente clara, para defender o interesse público, e, portanto, desse ponto de vista, nós observamos com toda a atenção no Governo como é que estas investigações estão a ser feitas, porque elas são muito importantes, nomeadamente para mantermos com toda a credibilidade e com todo o bom-nome todas as instituições militares”, disse aos jornalistas Jorge Seguro Sanches, na Marinha Grande, distrito de Leiria.

Reconhecendo que, “por vezes, em todas as organizações, pode haver uma situação menos clara ou outra”, o secretário de Estado salientou que é “nessas situações que as autoridades devem investigar”.

Jorge Seguro Sanches garantiu que, “logo que houve algumas suspeitas sobre esta situação, os órgãos próprios passaram a fazer essa investigação e este resultado está agora a funcionar”, referindo desconhecer dados mais específicos sobre a operação policial em curso.

O governando adiantou que, “neste âmbito, existe uma estrutura que é Polícia Judiciária Militar que, desde o início, está envolvida, precisamente na investigação destas situações”. “Aquilo que nós observamos é, com toda a tranquilidade, as instituições a funcionar, a esclarecer aquilo que têm de esclarecer e a atuar se for caso disso nesta situação”, considerou Segundo o secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional.

Questionado se esta situação afeta a imagem das Forças Armadas e de Portugal, Jorge Seguro Sanches respondeu: “Não, não afeta. Se houver alguma situação que deva ser esclarecida, ela tem de ser esclarecida. Se não fosse esclarecida, é que poderia afetar”. “A perspetiva é esta, sempre que houver que atuar, devemos atuar e dessa forma, com certeza absoluta, que as instituições ficam salvaguardas. E por isso é que é tão importante que os órgãos num Estado de direito funcionem na medida em que o devam fazer”, acrescentou.

(Notícia atualizada às 12h21 com mais informação)

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