Aliança minhota da Bosch já “acelerou” mais de 70 patentes

Oito anos e 165 milhões de euros depois, o grupo alemão fecha a 3ª fase do projeto que envolveu 750 quadros da Bosch e da Universidade do Minho, focado na condução autónoma e digitalização industrial.

A parceria de inovação que envolve a Bosch Car Multimedia e a Universidade do Minho (UM), iniciada em 2013, já resultou no registo de mais de 70 patentes nos domínios da mobilidade do futuro e da transformação digital da indústria, de acordo com os dados divulgados esta terça-feira pelo grupo alemão.

A terceira fase desta aliança entre a fábrica de Braga — emprega 3.280 pessoas — e a instituição de ensino superior abrangeu os últimos três anos e correspondeu ao projeto de investigação e desenvolvimento (I&D) Crossmaping The Future. Representou um investimento de 90 milhões de euros, fazendo o total aplicado nesta parceria ascender a 165 milhões de euros. Em fase de aprovação está uma nova candidatura no valor de 64 milhões, abrangendo 338 quadros qualificados.

Perto de 750 profissionais da Bosch e da UM estiveram envolvidos no desenvolvimento de tecnologias apontadas como “essenciais” para que um veículo consiga detetar o ambiente circundante e tomar decisões com base em inteligência artificial e sensores. As principais soluções criadas em Portugal estiveram esta manhã expostas no evento Next – DrivingTomorrow, organizado no Altice Forum Braga, e a ser testadas inclusive pelo primeiro-ministro, António Costa.

“Os resultados que aqui apresentamos reforçam o valor estratégico que esta parceria teve, tem e queremos que continue a ter no futuro, não apenas ao nível da inovação, mas também da criação de emprego científico e qualificado. Desta parceria e das sinergias criadas entre a Bosch e a UM resultam soluções tecnológicas inovadoras que estão a redefinir a mobilidade e os veículos do futuro”, frisou Carlos Ribas, representante da Bosch em Portugal.

O gestor destacou ainda que os resultados alcançados com estas tecnologias, o número de patentes registadas e a qualidade dos artigos científicos publicados “consolidam a Bosch como estando na vanguarda da mobilidade do futuro e da transformação digital em Braga”, além de reforçarem Portugal como “país de referência na inovação e no desenvolvimento da indústria automóvel”. “Para alcançarmos o que hoje apresentámos aqui, a parceria com a UM foi um fator determinante”, acrescentou Ribas.

Soluções para a condução autónoma

Na área automóvel, o projeto Crossmaping The Future abrangeu dois programas. Um deles (Easy Ride) contempla sensores inteligentes críticos que dão resposta às capacidades exigidas ao veículo para comunicar com outros veículos, pessoas e infraestruturas. Uma dessas tecnologias, dirigida aos ocupantes, faz a monitorização de comportamentos violentos, de vandalismo ou até situações de emergência de saúde.

Já o programa Sensible Car criou soluções para alcançar níveis máximos de condução autónoma, isto é, a partir dos quais não é requerida qualquer intervenção do condutor. Algo que, sublinha a multinacional de origem germânica, só é possível dotando o automóvel de capacidade para a perceção integral da envolvente e da sua localização precisa e atualizada em tempo real.

Carlos Ribas, responsável da Bosch em Portugal.Egídio Santos

Estas são as quatro principais soluções para a condução autónoma desenvolvidas pelos engenheiros da Bosch e pelos investigadores da Universidade do Minho:

  1. Sistema LiDAR: tecnologia central no roadmap global para a condução autónoma, traduziu-se no desenvolvimento ao nível dos sistemas de varrimento, arquitetura e simplicidade nos sistemas óticos. Estes sensores, dotados de alta resolução, permitem a obtenção de informação geométrica muito detalhada do ambiente à volta do veículo.
  2. Automotive Precise Positioning (APP): tecnologia a ser usada para a correta manutenção na faixa de veículos, em situações de condução altamente autónoma (HAD). Entre outros sinais, o sensor APP utiliza sinais provenientes dos Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS) para uma estimativa precisa da posição.
  3. Sensor de condição de piso (RCS): sensor capaz de aferir a condição do piso quanto à presença de água, neve e gelo, dotado de um novo conceito ótico com elevada estabilidade térmica, que permite determinar as condições do pavimento em tempo real. É uma funcionalidade inovadora a nível mundial no campo da segurança ativa e no suporte à tomada de decisão para os níveis de condução autónoma mais avançados.
  4. Sensores para sistemas de direção: desenvolvimento de sensores de medição do ângulo de direção (SAS) para sistemas de direção elétrica assistida e de sensores baseados em correntes de Eddy para aplicação em motores DC de sistemas de direção.

Para o reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, “estes resultados vêm demonstrar a justeza da visão de todos aqueles que no Governo de Portugal, na Bosch e na Universidade do Minho apostaram nesta parceria, proporcionando os meios necessários ao seu desenvolvimento; e também a qualidade das pessoas e das estruturas que lhe vêm dando corpo, em múltiplos projetos e iniciativas”.

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