Pfizer deixa outras farmacêuticas produzir medicamento anti-Covid
O acordo inclui todos os países de rendimentos médios-baixos e médios-altos da África Subsaariana, bem como países de rendimentos médios-altos que alcançaram esse estatuto nos últimos cinco anos.
A Pfizer anunciou esta terça-feira que chegou a acordo com um grupo apoiado pelas Nações Unidas para permitir que outros fabricantes produzam o seu medicamento experimental contra a Covid-19 e o disponibilizem em 95 países.
Em comunicado, a farmacêutica norte-americana explica que vai conceder ao Medicines Patent Pool, criado pela Unitaid e apoiado pela Organização das Nações Unidas, uma licença que permitirá que empresas de medicamentos genéricos produzam o antiviral desenvolvido pela Pfizer para utilização em 95 países, abrangendo cerca de 53% da população mundial.
Segundo o porta-voz da Unitaid, Hervé Verhoosen, o acordo inclui todos os países de rendimentos médios-baixos e médios-altos da África Subsaariana, bem como países de rendimentos médios-altos que alcançaram esse estatuto nos últimos cinco anos.
De fora ficaram alguns países como a Argentina, China, Malásia e Tailândia. O Brasil, por exemplo, pode ter acesso a uma licença para produzir o paxlovid para exportação, não poderá produzi-lo para distribuir no próprio país.
Ainda assim, as autoridades de saúde consideram que o facto de o acordo ter sido alcançado mesmo antes de o medicamento estar autorizado será uma ajuda para alcançar o fim da pandemia mais rapidamente.
“É muito significativo que possamos dar acesso a um medicamento que parece ser eficaz e que acabou de ser desenvolvido a mais de quatro mil milhões de pessoas”, sublinhou o responsável pela política da Medicines Patent Pool, Esteban Burrone.
Segundo as suas estimativas, as farmacêuticas poderão estar em condições de começar a produzir o medicamento num espaço de meses, mas o responsável reconheceu que o acordo pode não agradar a todos.
“Tentamos encontrar um equilíbrio delicado entre os interesses (da Pfizer), a sustentabilidade exigida pelos fabricantes genéricos e, sobretudo, as necessidades de saúde pública dos países mais pobres”, sustentou Esteban Burrone.
Os termos do acordo preveem que a Pfizer não receba ‘royalties’ das vendas em países pobres e que abdique dos ‘royalties’ sobre as vendas de todos os países abrangidos pelo acordo, enquanto a pandemia for uma emergência de saúde pública.
A Pfizer já tinha anunciado que o seu medicamento antiviral contra a Covid-19 é eficaz na redução de hospitalizações ou mortes em quase 90%, entre pessoas com infeções leves ou moderadas pelo SARS-CoV-2.
Na altura, a farmacêutica considerou os resultados preliminares dos ensaios clínicos tão promissores que iria pedir à agência norte-americana dos medicamentos (FDA) uma autorização de emergência.
No início do mês, o Reino Unido emitiu uma autorização de uso condicional de um outro comprimido antiviral contra a Covid-19 desenvolvido pela empresa farmacêutica Merck, que estará disponível para os maiores de 18 anos.
Já em outubro tinha sido estabelecido um acordo semelhante entre a Merck e a Medicines Patent Pool para que outras farmacêuticas produzissem o molnupiravir e o disponibilizassem em 105 países.
O preço do medicamento ainda não é conhecido, mas segundo o porta-voz da Unitaid rondará os 600 euros nos países ricos, à semelhança do molnupiravir.
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