Crescimento dos seguros vai desacelerar em 2022-23
Economia global e perspetivas para o negócio segurador apontam desaceleração nos próximos dois anos. Previsão da Swiss Re coloca região EMEA e seguros Vida em crescimento mais moderado.
Assinado por 11 economistas e analistas da resseguradora suíça, o documento (sigma 5/2021) antecipa clara desaceleração do crescimento na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), onde após 4,9% de incremento estimado em 2021 (combinado de prémios seguro Vida e não-Vida) sucederá taxa média de 2,0% nos próximos dois anos (2022 e 2023). O ramo Vida que, após subida estimada de 6,9% em 2021, deve sofrer travagem para avançar apenas 1,7% no horizonte do forecast.
Apesar destes sinais, o Swiss Re Institute prevê que a procura de seguros cresça globalmente, em 2022 e 2023, a uma taxa superior à tendência de longo prazo, perspetivando evolução positiva para o volume global de prémios de seguros e a antecipar crescimento de 3,3% em 2022 e 3,1% em 2023 (3,2% no conjunto dos dois anos).
Projeção de crescimento real nos prémios de seguro
Os economistas da resseguradora suíça identificam tendências estruturais, três “D” que deverão moldar as perspetivas de longo prazo: Divergência, Digitalização e Descarbonização:
– Divergência crescente dentro e entre países na recuperação económica, riqueza, rendimento e oportunidade socioeconómica “é um motivo de preocupação. Estas divergências tornam a recuperação frágil”.
– Digitalização poderá confirmar-se como “chave” para um maior crescimento da produtividade para um progresso rápido é vital.
– Descarbonização é “imperativa”, uma vez que acontecimentos climáticos extremos em todo o mundo este ano indicam que os riscos climáticos estão a materializar-se.
O relatório “Turbulence after lift-off: global economic and insurance market outlook 2022/23″ refere que, na sequência do choque da COVID-19, assiste-se a uma “consciência crescente do risco, tanto nos seguros de Vida como em não-Vida, entre consumidores e empresas”. O endurecimento contínuo dos preços em linhas comerciais de seguros de não Vida dará suporte adicional à tendência, esperando-se que o mercado global ultrapasse os 7 biliões de dólares (USD 7 trillion) em prémios de seguros pela primeira vez, a meio de 2022, mais cedo do que o previsto pelo instituto em julho passado.
Principais conclusões
– Prémios de seguro devem crescer 3,4% a nível global em 2021, em termos reais, elevando em 8% o total da produção global (prémios diretos), acima do nível de 2019.
– A rentabilidade dos seguros deverá melhorar em 2022, à medida que a indústria absorve os sinistros relacionados com a COVID-19, perdas catastróficas acima da média e a subida da inflação.
– A rentabilidade na atividade de subscrição não Vida deverá recuperar a partir de 2022 à medida que as seguradoras internalizem as expectativas de uma inflação ascendente.
– Para as seguradoras de Vida, o avanço nas vacinas COVID-19 deverá também fortalecer a rentabilidade a partir de 2022, após um ano de elevada mortalidade em 2021.
– A rendibilidade dos investimentos será provavelmente contrariada por taxas de juro baixas e que não compensará totalmente a inflação, fazendo com que disciplina de subscrição seja nota crucial.
PIB abranda e inflação é o risco de curto prazo
– O ciclo de crescimento económico global abrandará à medida que os choques do lado da oferta persistirem, e a política monetária se tornar menos acomodatícia. Por isso, estudo aponta previsões de crescimento do PIB abaixo do consenso.
– Inflação anual global estimada no estudo é superior à média do consenso em 2022, incluindo 5,0% nos EUA, 2,6% na zona euro e 3,8% no Reino Unido, sendo também superior aos objetivos dos bancos centrais de 2%. A pressão sobre os custos está a alimentar preços difíceis de inverter.
Em termos do cenário global, a análise prevê um crescimento económico real de 5,6% este ano, abrandando para 4,1% em 2022 e 3,0% em 2023, à medida que persistirem pressões na cadeia de abastecimento global, escassez de mão-de-obra e alta nos preços da energia.
“O nosso risco macro a curto prazo é a inflação, que deriva destes mesmos fatores,” assumem os autores do estudo sugerindo necessidade de apoio dos governos para uma recuperação estrutural.
“Temos uma oportunidade única de construir um sistema de mercado melhor. Para isso, todos os intervenientes terão de aceitar e internalizar os custos das alterações climáticas, e os decisores políticos que deverão ter em conta os efeitos distributivos das respetivas políticas económicas. Isso ajudará na transição de que necessitamos para um caminho sustentável rumo a uma economia net-zero até 2050,” complementou Jerome Haegeli, economista-chefe da Swiss Re.
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