“Caminhante não há caminho, se faz caminho ao andar”
A capacidade de resistir sem quebrar ou deformar, a par com a de dar uma resposta rápida, mesmo num contexto incerto e imprevisível, constituiu, sem dúvida, uma chave para o sucesso em crises.
Vive-se no verão um tempo de pausa para muitos. Pausa também pode significar reflexão. Sabemos que as ditas “resoluções de verão” são bem mais impactantes do que as de Ano Novo. No verão os dias são mais compridos, mais leves e as noites mais quentes. Pegamos nos livros que fomos comprando ao longo do ano e que deixamos para uma oportunidade de leitura mais atempada. O verão dá-nos, muitas vezes, o tempo que ao longo do resto do ano não nos permitimos ter.
E é nesse tempo sem pressa que reli o poema de António Machado. As suas palavras conduziram-me para as experiências recentes que vivemos e as aprendizagens que delas podemos retirar.
Sabemos o quanto as experiências, a par com o estudo, são determinantes na nossa aprendizagem. Entendo a aprendizagem de forma global, como um processo dinâmico e interativo com o mundo que nos rodeia, garantindo-nos a apropriação de conhecimentos e estratégias adaptativas. Pensando em características de uma boa aprendizagem esta deverá, a par com a produção de mudanças duradouras, ser transferível para outras situações.
A aprendizagem deve ser assim refletida na prática. Como o poema “Tudo passa e tudo fica, porém o nosso é passar, passar fazendo caminhos (…)”.
Já existem uma série de estudos sobre as aprendizagens durante a pandemia e cenários explorados e previsíveis no após. Para além dos três grandes vetores abordados em inúmeros contextos: aumento das pessoas que trabalham remotamente; redução da necessidade de espaço no escritório; e digitalização dos negócios e a transição para o online, uma série de competências foram testadas na prática. Refiro-me especificamente à gestão da ambiguidade e da incerteza; ao pensamento estratégico necessário pela visão de curto e médio prazo; e ao necessário envolvimento e capacidade para liderar pessoas em diferentes cenários e fora da zona de conforto.
A resiliência e capacidade de adaptação foram a chave para muitas situações. Do ponto de vista empresarial e pessoal. Essa capacidade de resistir sem quebrar ou deformar, a par com a de dar uma resposta rápida, mesmo num contexto incerto e imprevisível, constituiu, sem dúvida, uma chave para o sucesso em crises.
É certo que a “necessidade aguça o engenho”. Nada melhor para provocar a mudança do que a necessidade de mudar. E estas mudanças foram provocadas num cenário de necessidade.
O tempo dirá o que fica e o que aprendemos. Do ponto de vista social, empresarial e pessoal. Não nos podemos esquecer de um fator verdadeiramente importante — não conseguimos prever o futuro.
As previsões do futuro são sempre, na realidade, suportadas no conhecimento que temos do presente.
Estou convencida que Peter Drucker, ao referir “não podemos prever o futuro, mas podemos criá-lo”, tinha também ele acabado de ler o poema de António Machado: “Caminhante, são tuas pegadas, o caminho e nada mais; caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar; Ao andar se faz caminho, e ao voltar a vista atrás, se vê a senda que nunca, se há-de voltar a pisar.”
Que o verão seja intenso. Com a noção de que o futuro é criado não pelas previsões que fazemos dele, mas pelas pisadas que damos no presente.
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