UE pede “grande passo” a Londres para acordo sobre Irlanda do Norte
Segundo as propostas de Bruxelas, que identifica uma abordagem mais conciliatória da parte do Reino Unido, seria possível reduzir em cerca de 80% os controlos aduaneiros previstos naquela região.
A União Europeia (UE) instou este domingo o Reino Unido a dar um grande passo em direção às propostas dos 27 estados-membros para encontrar um entendimento sobre a implementação do Protocolo da Irlanda do Norte no acordo do Brexit.
“Espero que o Reino Unido dê agora um grande passo na nossa direção“, disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, em declarações prestadas à BBC, recordando as “propostas ambiciosas” feitas pela UE.
De acordo com as propostas de Bruxelas apresentadas no mês passado, seria possível reduzir em cerca de 80% os controlos aduaneiros previstos pelo protocolo, que foi concebido para evitar uma fronteira que comprometesse o processo de paz, mas os britânicos consideram que cria problemas de abastecimento na Irlanda do Norte.
“Estou certo de que se Lord (David) Frost e o Reino Unido redobrassem os seus esforços e chegassem a um meio-termo, poderíamos resolver todos os problemas restantes”, disse Sefcovic, em alusão direta ao secretário de Estado britânico para as relações com a UE, “notando uma “mudança de tom nas conversações ao longo das últimas duas semanas”, com Londres a parecer adotar uma abordagem mais conciliatória do que antes.
Num artigo publicado no jornal Mail on Sunday, David Frost declarou estar à espera de que “a UE mostre a ambição de resolver o problema através da procura de um acordo” sobre esta matéria.
“Eu, por exemplo, estou a trabalhar o mais arduamente que posso para encontrar um acordo. Se conseguirmos fazer isso, podemos esquecer a fricção atual e voltar ao que sempre quisemos: boas relações e comércio livre com os nossos vizinhos e amigos mais próximos”, acrescentou o secretário de Estado britânico para as relações com a União Europeia.
Londres continua a acenar com a ameaça de desencadear uma cláusula de salvaguarda no acordo, que suspenderia certas disposições em caso de grandes perturbações, suscitando receios de uma guerra comercial entre o Reino Unido e a UE.
Por outro lado, Maros Sefcovic advertiu na sexta-feira que o protocolo e o acordo de comércio livre entre Londres e Bruxelas estavam “intrinsecamente ligados”.
O acordo comercial, alcançado no final de dezembro de 2020 após o divórcio do Reino Unido da UE, oferece ao ex-estado-membro um acesso sem tarifas e sem quotas ao enorme mercado europeu. O protocolo, em vigor desde o início do ano, mantém a província britânica na união aduaneira europeia e no mercado único.
As negociações continuarão em Londres em 26 de novembro para uma sexta sessão desde as propostas comunitárias apresentadas em meados de outubro.
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