Catástrofes: 2021 é o 4º ano de perdas seguradas mais elevadas desde 1970
Potenciados pela mudança climática, os eventos de perigosidade secundária causaram mais de metade das perdas totais que, em 2021, rondam já os 259 mil milhões dólares, estima o Swiss Re Institute.
Eventos climáticos extremos ao longo de 2021, incluindo trovoadas e tempestades de granizo, inverno gelado, chuvas torrenciais que causaram cheias, furacões e ondas de calor extremo resultaram em catástrofes naturais que geraram perdas seguradas estimadas em 105 mil milhões de dólares (cerca de 92,85 mil milhões de euros ao câmbio corrente).
A destruição resultante de catástrofes naturais (eventos climáticos e outros, como sismos) somada aos danos resultantes de desastres causados por ‘mão humana’, que provocaram mais 7 mil milhões de dólares de perdas seguradas, o prejuízo global suportado pelos seguros eleva-se este ano aos 112 mil milhões de dólares. Este balanço preliminar, que não inclui ainda as perdas resultantes dos tornados que varreram a região central dos EUA neste mês de dezembro nem os custos com o alongamento da pandemia covid-19, já faz de 2021 o quarto ano mais oneroso para a indústria seguradora desde 1970, estima um relatório o Swiss Re Institute.
Nas últimas cinco décadas, mostra a imagem (em baixo), 2017 foi o ano mais oneroso, com danos segurados que ultrapassaram 160 mil milhões de dólares, logo seguido de 2011 (ano dos terremotos no Japão, Nova Zelândia e cheias na Tailândia) e de 2005, ano em que o furacão Katrina devastou Nova Orleães, e parte do estado de Louisiana (EUA).
Em 2021, as duas catástrofes naturais que mais prejuízos produziram também atingiram os EUA. Enquanto o furacão Ida é identificado como o desastre natural mais caro de 2021 (30 a 32 mil milhões de dólares), a tempestade de inverno Uri é a segunda, com 15 mil milhões de perdas seguradas. Este fenómeno extremo – que gelou infraestruturas de rede elétrica e deixou o Texas sem energia – somada a outros eventos climáticos caracterizados como secondary perils (consideram-se fenómenos com nível de perigosidade secundária as ondas de calor, incêndios florestais, seca prolongada e cheias) causaram mais de metade dos prejuízos totais, uma vez que os níveis de riqueza e os efeitos das alterações climáticas em áreas propensas a catástrofes significam participações de sinistro e pedidos de indemnização mais elevados.
EVOLUÇÃO de PERDAS SEGURADAS nos últimos 50 anos
Os designados secondary perils, onde se incluem também as tempestades convectivas, trovoadas e chuvas torrenciais que resultaram nas cheias como as que se registaram em junho, na Europa, espalharam danos materiais por inundações (Alemanha, Países Baixos, Bélgica, Suíça e República Checa), por um montante combinado estimado em 13 mil milhões de dólares em perdas seguradas este ano, acrescenta o relatório nomeando ainda as cheias na China e no Canadá. As cheias na Europa, com perdas económicas globais de 40 mil milhões de dólares, mostram a lacuna de proteção seguradora existente na Europa face ao risco de grandes inundações, nota o documento.
“O impacto das catástrofes naturais que vivemos este ano evidencia, mais uma vez, a necessidade de investimentos significativos no reforço de infraestruturas críticas para mitigar o impacto de condições meteorológicas extremas”, afirmou Jérôme Jean Haegeli, economista-chefe do grupo do Swiss Re.
Em preços correntes, os prejuízos económicos globais resultantes das catástrofes em 2021 totalizam estimados 259 mil milhões de dólares, mais 20% do que em 2020 e acima do arredondamento para os últimos 10 anos, calculado em 229 mil milhões de dólares. A fatura global suportada pela indústria seguradora (112 mil milhões) evidencia acréscimo de 13% comparada com a de 2020.
Recursos infográficos acessíveis na plataforma sigma-explorer (Swiss Re Institute) recordam que os sismos que abalaram o Japão, em março de 2011, causando mais de 18 400 mortos e danos totais estimadas em 250 mil milhões de dólares, mantêm-se como a tragédia causadora do maior número de vítimas nos últimos 10 anos.
Desde 1990, os terramotos que atingiram o Haiti (em 2010) e a Indonésia (em 2004) causaram, cada um, perdas materiais de montante inferior às da catástrofe que abalou o Japão, mas o número de vítimas bastante mais elevado, rondando 220 mil em cada um dos casos.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Catástrofes: 2021 é o 4º ano de perdas seguradas mais elevadas desde 1970
{{ noCommentsLabel }}