Juros vão subir quando BCE normalizar política monetária, avisa Leão
Ministro das Finanças alertou esta quinta-feira para a futura normalização da política monetária do Banco Central Europeu, o que se vai traduzir em juros mais elevados para países como Portugal.
Num dia em que veio a público congratular-se com a evolução favorável das contas públicas em Portugal, o ainda ministro das Finanças, João Leão, deixou um aviso para o futuro: o Banco Central Europeu (BCE) vai normalizar a sua política monetária e isso trará juros mais elevados para os países da Zona Euro.
“Sabemos também que a normalização da política monetária do Banco Central Europeu deverá conduzir a um aumento das taxas de juro na Zona Euro“, alertou o ministro socialista, assinalando que “será um desafio novo para os países europeus que viram a sua dívida aumentar muito durante a pandemia”. “Temos de o enfrentar com o sentido de responsabilidade que nos caracteriza”, afirmou.
Apesar de fazer este aviso, Leão deu argumentos para mostrar que Portugal está preparado para esse novo ambiente de taxas de juro uma vez que o país “deixou de estar no radar de preocupações internacionais”, ao contrário de “Itália e Grécia” onde os spreads sobem, e que a “credibilidade internacional tem sido fundamental para ter taxas de juro da dívida pública historicamente baixas, as mais baixas do sul da Zona Euro”. “No atual contexto de risco de normalização da política monetária e aumento das taxas de juro na zona euro, este é um fator especialmente importante para o país“, argumenta o Ministério das Finanças.
Numa conferência de imprensa esta quinta-feira para reagir à evolução do défice orçamental de 3,9% até setembro divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) momentos antes, João Leão mostrou-se confiante na trajetória das contas públicas portuguesas, apontando para um défice de 4,3% do PIB no conjunto do ano. E, caso haja um desvio, será para melhor, ou seja, pode ficar abaixo da meta: “A existir algum desvio no défice será para ficar abaixo do previsto”, garantiu.
A existir algum desvio no défice será para ficar abaixo do previsto.
É com base nesta evolução que o ministro das Finanças dirigiu-se aos portugueses, a cerca de um mês das eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro, para lhes dizer que “podemos enfrentar o futuro com confiança”. “Vamos cumprir metas a que nos propusemos” pelo sexto ano consecutivo, assegurou, referindo também o crescimento do PIB de 4,8% em 2021 e de 5,5% em 2022.
Sobre as próximas semanas, dado o agravamento da situação pandémica em Portugal e na maioria dos países europeus por causa da variante Ómicron, Leão manteve o compromisso de ter uma “política orçamental ágil e flexível no curto prazo para tomar as medidas necessárias para enfrentar a pandemia”. Até porque este ano “o cumprimento da meta orçamental não colocou em causa os apoios às famílias e às empresas, pelo contrário: a despesa com estes apoios deverá ficar três vezes acima do previsto”, argumentou.
Porém, admitiu que à medida que a pandemia fique controlada haverá uma “importância crescente das medidas de recuperação da economia”, em detrimento dos subsídios que agora dominam a despesa pública relacionada com a Covid-19, como o investimento ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). De acordo com Leão, o investimento público cresceu 31% até ao terceiro trimestre.
Para o futuro, o ministro promete uma “estratégia credível a médio prazo de redução da dívida pública” e uma diminuição “natural” do peso da despesa pública em percentagem do PIB dado que os gastos extraordinários com a pandemia vão baixar gradualmente. E deixou a garantia de que, pelo menos enquanto estiver no Governo, a “despesa [pública] não crescerá tanto quanto o PIB”, disse, após Mário Centeno, governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças, ter dito na passada sexta-feira que isso era essencial para garantir a sustentabilidade das contas públicas.
(Notícia atualizada às 12h53 com mais informação)
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