Mais despesa, menos receita e prejuízos. As contas de Jesus no Benfica
O técnico de 67 anos está de saída do Benfica ao fim de uma temporada e meia. A sua passagem ficou marcada pela degradação das contas do clube da Luz e pela ausência de títulos.
Jorge Jesus está de saída do Benfica após uma temporada e meia, numa passagem que ficou marcada pelo forte investimento do clube da Luz, principalmente em novas contratações, e pela falta de títulos conquistados por parte das “águias”, não conseguindo melhor que um terceiro lugar na Liga Bwin.
Durante a sua curta estadia, o Benfica passou de lucros a prejuízos de 17,4 milhões, aumentou os custos com salários (97 milhões na temporada passada) e transferências (que rondaram os 130,5 milhões de euros), viu o passivo aumentar (379,6 milhões de euros) e, a juntar a isto, o emblema encarnado diminuiu as receitas com a venda de jogadores (100 milhões de euros).
Águias voam de lucros a prejuízos
Analisando as contas do Benfica referentes à temporada passado, a SAD do Benfica apresentou um resultado líquido negativo de 17,4 milhões de euros no exercício terminado em junho de 2021, valor que compara com lucros de 41,7 milhões de euros alcançados nos 12 meses anteriores.
Na altura, a SAD do Benfica justificou os valores com um “um período de extraordinária complexidade, sujeito aos impactos da Covid-19, para além da não participação na Liga dos Campeões e do forte investimento realizado no plantel de futebol”.
A sociedade referia ainda, no relatório, que os rendimentos operacionais (excluindo transações de direitos de atletas) superaram os 94 milhões de euros (139,9 milhões de euros no mesmo período do ano anterior), representando uma quebra de 32,8%, por causa da “inexistência de receitas de matchday, devido à realização de jogos sem público, e pela redução dos rendimentos com prémios distribuídos pela UEFA”.
Benfica aumenta custos com salários, vende menos e compra mais
Em época de pandemia, o Benfica conseguiu mesmo cortar os gastos operacionais, reduzindo-os em 10% – de 171 milhões em 2019/20 para 154 milhões em 2020/2021. No entanto, há um dado a destacar: de acordo com o mesmo relatório, o clube aumentou os gastos com pessoal, especificamente as remunerações, em mais de 13%, passando de 85,6 milhões para 97 milhões na temporada passada.
Destaque também para o passivo do clube da Luz, que atingiu um valor de 379,6 milhões de euros, correspondendo a um aumento de 16,5% em comparação ao período homólogo, que, de acordo com o Benfica, se encontra “principalmente refletido nas variações ocorridas nas rubricas de empréstimos obtidos e de fornecedores e outros credores, em resultado do investimento no plantel de futebol”, investimentos que rondaram os 105,5 milhões de euros.
Para além da queda dos rendimentos, do aumento do passivo e de apresentar um resultado líquido negativo, os encarnados também encaixaram menos dinheiro com a venda de jogadores. Mesmo apresentando o “terceiro melhor exercício de sempre alcançado pela Benfica SAD”, com os proveitos com transações de direitos de atletas ascenderam a 100 milhões de euros, ficou abaixo dos 145 milhões de euros (-31.1%) apresentados no mesmo período do ano anterior.
De referir que os 100 milhões de euros deveram-se essencialmente à venda de Rúben Dias ao Manchester City pelo valor de 60 milhões de euros.
Primeira temporada de Jesus foi de investimento
A era do treinador Jorge Jesus ficou marcada pelos muitos milhões gastos em contratações, com o intuito de conquistar o tão desejado título de campeão nacional, que foge às “águias” desde 2019.
Feitas as contas, e tendo em consideração os valores disponibilizados pelo site especializado Transfermarkt, o emblema agora liderado por Rui Costa gastou um total de 130,5 milhões de euros em passes de jogadores no último ano e meio.
Depois de uma primeira passagem pelo Benfica recheado de títulos, Luís Filipe Vieira, na altura líder máximo do clube, recorreu à nostalgia e acabou por “resgatar” Jorge Jesus ao Flamengo. Passadas seis temporadas, o técnico estava de volta à Luz. Com a sua chegada foi também feito um grande esforço financeiro por parte da administração encarnada para a contratação de novos ativos para o plantel.
No total, foram despendidos 105,5 milhões de euros em jogadores na época 2020/2021, sendo que a contratação do avançado Darwin Núñez, vindo do UD Almería, foi a mais cara da história do campeonato nacional. O Benfica desembolsou 24 milhões de euros pelo jogador uruguaio.
Além de Núñez, o Benfica fez mais duas transferências bastante avultadas e mediáticas, ao adquirir os passes dos brasileiros Éverton, mais conhecido por “Cebolinha”, que teve um custo de 20 milhões de euros, e Pedro, que obrigou as “águias” a pagar 18 milhões de euros.
Destaque também para a chegada de Nicolás Otamendi (15 milhões de euros) e Lucas Veríssimo (6,5 milhões de euros) ao Benfica no passado mercado de inverno.
Transferências na temporada 2020/2021:
Darwin Núñez – 24 milhões de euros
Éverton – 20 milhões de euros
Pedro – 18 milhões de euros
Nicolás Otamendi – 15 milhões de euros
Lucas Waldschmidt – 15 milhões de euros
Lucas Veríssimo – 6,5 milhões de euros
Helton Leite – 2 milhões de euros
Gilberto – 3 milhões de euros
Jean-Clair Todibo – Empréstimo com uma taxa de pagamento de 2 milhões de euros
Jan Vertonghen – Custo zero
Nova temporada com gastos mais comedidos
Nova época, nova abordagem. Foi assim que a estrutura do Benfica decidiu encarar o defeso deste verão. O clube apostou numa visão mais comedida nos seus gastos em relação ao ano anterior e acabou por gastar um total de 25,5 milhões de euros.
Com o playoff de acesso à Liga dos Campeões para se disputar e vontade de fazer melhor do que na temporada passada na Liga Bwin (terceiro classificado), as “águias” procuraram fazer contratações mais cirúrgicas, querendo adquirir novos jogadores para setores posicionais mais frágeis no ponto de vista desportivo, como o meio-campo ou ataque, sem gastar muito dinheiro.
Posto isto, a maior parte do orçamento para transferências foi usado no passe do avançado ucraniano Roman Yaremchuk, custando um total de 17 milhões de euros. O restante montante foi utilizado nas contratações do meio-campista Soualiho Meïté (seis milhões de euros) e o lateral Gil Dias (1,5 milhões de euros).
A custo zero chegaram à Luz duas caras bem conhecidas do futebol português, o ex-Sporting João Mário e o antigo atleta do Marítimo Rodrigo Pinho. Por fim, o Benfica foi buscar a título de empréstimo Valentino Lazaro, do Inter de Milão, e Nemanja Radonjic (com uma taxa de empréstimo de um milhão de euros), do Marselha.
Transferências na temporada 2021/2022:
Roman Yaremchuk – 17 milhões de euros
Soualiho Meïté – 6 milhões de euros
Gil Dias – 1,5 milhões de euros
Nemanja Radonjic – Empréstimo com uma taxa de pagamento de 1 milhões de euros
João Mário – Custo Zero
Rodrinho Pinho – Custo Zero
Valentino Lazaro – Empréstimo sem qualquer taxa de pagamento envolvida
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