Inflação atinge os 36% na Turquia, mas Erdogan defende resultados económicos
O Presidente turco prometeu, depois de uma reunião do Governo esta segunda-feira, "reduzir a inflação para um dígito o mais rapidamente possível".
A inflação anual na Turquia atingiu os 36,08% em dezembro, um recorde desde setembro de 2002, devido à queda da lira turca, mas o presidente Recep Tayyip Erdogan continua a defender os seus resultados económicos, segundo a AFP.
De acordo com a agência France-Presse (AFP), a subida dos preços ao consumidor para mais de sete vezes acima do objetivo inicial do Governo (13,58% só no mês de dezembro) explica-se pela queda de quase 45% da lira turca face ao dólar num ano, apesar das medidas de emergência anunciadas pelo chefe de Estado turco em meados de dezembro.
Consciente dos danos causados não apenas à economia mas também aos seus índices de confiança, Erdogan prometeu, depois de uma reunião do Governo esta segunda-feira, “reduzir a inflação para um dígito o mais rapidamente possível”.
Os atuais números têm sido objeto de batalha política, com a oposição e parte da população a acusar o Gabinete Nacional de Estatísticas (Tüik) de subestimar conscientemente a subida dos preços, alimentada pela política económica do presidente, que levou o banco central turco a reduzir sistematicamente as taxas de juro nos últimos meses.
Ao contrário das teorias económicas clássicas, Recep Tayyip Erdogan acredita que as altas taxas de juro promovem a inflação, mas a sua política monetária – e a falta de independência do banco central, do qual o presidente turco demitiu três governadores desde 2019 – arrastou a moeda nacional turca para uma queda.
No poder desde 2003, Erdogan recusa qualquer mudança à sua política económica, na qual baseia o seu sucesso há muito tempo, e parece apostar tudo no crescimento, que atingiu os 7,4% anuais no final do terceiro trimestre.
Isso é impulsionado, em particular, pelas exportações menos caras, com uma subida de 32,9% num ano, para 225,37 mil milhões de dólares (199,5 mil milhões de euros), “um recorde”, saudou o presidente turco, elogiando os resultados.
Para apoiar a sua moeda face ao dólar, as autoridades turcas apelaram aos exportadores que revertam 25% do montante das suas exportações em euros, dólares ou libras esterlinas à autoridade monetária da Turquia.
Depois de numerosas semanas de perdas históricas, a lira recuperou em meados de dezembro, depois do anúncio de medidas de emergência por parte de Erdogan e vendas massivas de reservas em dólares, mas acabou por cair novamente.
Hoje, cerca de 13 liras turcas equivaliam a um dólar, o que compara com 7,4 liras no início de janeiro de 2021 e 9,6 no início de novembro.
Segundo a AFP, os preços dos alimentos subiram 43,8% num ano, apesar das ameaças do Governo, que pediu às grandes redes de supermercados que revissem em baixa os seus preços nas últimas semanas.
De acordo com dados oficiais, a farinha e a carne de frango aumentaram 86% num ano, o óleo de girassol 76% e o pão 54%.
Nas últimas semanas, surgiram grandes filas em frente aos quiosques de pão administrados por municípios da oposição em Istambul e Ancara, onde o pão é vendido por metade do preço da maioria das padarias.
Neste contexto, o presidente Erdogan aumentou o salário mínimo em 1 de janeiro de 2.825,90 para 4.253,40 liras (cerca de 275 euros), um aumento de 50% já parcialmente absorvido pela conjuntura económica.
Além das saídas dos governadores do banco central, Erdogan também substituiu o seu ministro das Finanças três vezes desde 2018, a última das quais no dia 02 de dezembro.
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