CEO da TAP confiante que próximo governo verá valor da reestruturação

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2022

“Estou confiante que qualquer governo vai ver como este plano está bem organizado e bem estruturado e que é um plano que conseguirá trazer valor, não só à companhia, mas também ao país", diz CEO.

A presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, disse esta quarta-feira à Lusa estar confiante de que qualquer governo que saia das próximas legislativas verá que o plano de reestruturação da companhia pode criar valor ao país.

Estou confiante que qualquer governo vai ver como este plano [de reestruturação] está bem organizado e bem estruturado e que é um plano que conseguirá trazer valor, não só à companhia, mas também ao país”, defendeu Ourmières-Widener, em entrevista à agência Lusa.

Esta posição foi transmitida pela responsável, após ter sido questionada sobre possíveis receios de que o novo governo que sair das eleições legislativas de 30 de janeiro possa voltar a avançar para a privatização da companhia aérea, que regressou às mãos do Estado em 2020.

A decisão de privatizar é dos acionistas, enquanto equipa executiva a nossa missão é executar o plano [de reestruturação]”, acrescentou a responsável. Para a CEO, depois de demonstrar que a TAP pode ser financeiramente sustentável, a “forma de recapitalização ou como uma nova injeção é feita”, é uma decisão que cabe, frisou, aos acionistas.

O Grupo TAP decidiu encerrar as operações de Manutenção e Engenharia Brasil (TAP ME), como parte do plano de reestruturação aprovado por Bruxelas em dezembro, disse à Lusa a presidente executiva da companhia aérea, Christine Ourmières-Widener.

A Comissão Europeia informou em 21 de dezembro que aprovou o plano de reestruturação da TAP e a ajuda estatal de 2.550 milhões de euros, havendo ainda lugar a compensações relacionadas com a pandemia de covid-19, com 462 milhões de euros referentes ao primeiro semestre de 2020, 107 milhões ao segundo semestre, e a compensação referente ao primeiro semestre de 2021.

No entanto, a Comissão impôs condições, como a separação dos ativos não-essenciais, nomeadamente o negócio de manutenção no Brasil, e os de catering (Cateringpor) e de handling (Groundforce).

“Foi assumido o compromisso de alienar ou encerrar a M&E Brasil. A nossa preferência é a alienação”, afirmou o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, em conferência de imprensa, em Lisboa, após a aprovação do plano de reestruturação da TAP pela Comissão Europeia.

“Temos um dever com o Porto, conectar a cidade com destinos de longo curso”

A presidente executiva (CEO) da TAP disse que a companhia aérea tem “um dever” para com o Porto, que consiste em conectar a cidade com destinos de longo curso no Brasil e nos Estados Unidos.

“Temos um dever para com o Porto que queremos cumprir, conectar o Porto diretamente a destinos de longo curso e estamos agora a ligar a cidade ao Brasil e aos EUA”, defendeu Christine Ourmières-Widener, em entrevista à agência Lusa.

A CEO recordou que a TAP publicou um comunicado no final do ano passado a explicar que está a aumentar a frequência entre Lisboa e Porto, a ‘ponte aérea’, passando de oito para dez voos por dia e está a aumentar também o número de voos diretos do Porto para o Brasil.

Estamos a ser consistentes na tentativa de explicar o nosso papel no Porto”, disse, adiantando que os passageiros do norte do país “têm grandes ofertas que podem beneficiar de Lisboa, que não fica muito longe do Porto”.

Ourmières-Widener sublinhou que “é difícil encontrar outro país na Europa que tenha tido sucesso em ter a mesma oferta em duas cidades diferentes, separadas por uma hora de voo ou até menos “.

Única forma de mitigar preços altos do combustível é otimizar consumo

A presidente executiva da TAP disse também que a única forma que as companhias de aviação têm de mitigar o impacto da subida dos preços dos combustíveis é otimizar o consumo e procurar parceiros que vendam mais barato.

“O que podemos fazer enquanto companhia aérea é o que a maioria delas estão a fazer, que é otimizar o consumo de combustível, bem como procurar os melhores parceiros, é a única forma que temos de mitigar este risco, porque não dá para controlar [o preço] do combustível”, afirmou Christine Ourmières-Widener, quando questionada sobre o impacto da crise energética na operação da TAP.

Segundo a responsável, os custos com combustível estão incluídos no plano de reestruturação da companhia aérea, aprovado em dezembro pela Comissão Europeia, como um “grande risco”.

“Na indústria da aviação, temos subidas e descidas e a maior parte do tempo temos de nos preparar para estes temas – como o do combustível – para o pior, e é por isso que estamos a equipar a nossa equipa financeira com mais capacidade, com mais despesa para o combustível”, explicou a CEO.

Adicionalmente, prosseguiu, a TAP está também a “trabalhar” com os pilotos, no sentido de utilizar ferramentas que permitem perceber quando é que é possível utilizar menos combustível, em determinados voos. “Não é fácil, não é fácil de todo”, admitiu a responsável.

CEO espera “desenvolvimentos positivos” sobre a Groundforce este ano

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, disse ainda à Lusa que espera ter “desenvolvimentos positivos” este ano em relação à Groundforce, empresa de handling que a companhia aérea tem de alienar no âmbito do plano de reestruturação.

Questionada sobre uma eventual venda da empresa de assistência em terra em aeroportos em 2022, a responsável disse: “Não vou usar essa palavra [venda], mas diria que haverá desenvolvimentos positivos este ano para a Groundforce“.

Ourmières-Widener recordou que a Groundforce encontra-se em processo de insolvência e controlada por um administrador, mas adiantou que estão “a dar muito apoio, o processo ainda está em andamento, há vários marcos” e espera “alguns desenvolvimentos potenciais no início deste ano, mas é muito cedo para fazer anúncios”.

A Groundforce é detida em 49,9% pelo grupo TAP e em 50,1% pela Pasogal, de Alfredo Casimiro. No dia 22 de setembro, os credores da Groundforce, reunidos em assembleia, no tribunal de Monsanto, em Lisboa, aprovaram a recuperação da empresa, tal como sugeriam os administradores de insolvência.

(atualizada às 19h20)

 

 

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