Juros da dívida alemã voltam a terreno positivo três anos depois
Desde maio 2019 que a taxa das obrigações alemãs a dez anos estavam em terreno negativo. Voltam agora a negociar com valores positivos, com os bancos centrais pressionados pela inflação.
Três anos depois, os investidores voltam a exigir juros para deter obrigações alemãs a dez anos. A inversão para terreno positivo aconteceu esta quarta-feira de manhã, e numa altura em que os bancos centrais em todo o mundo estão a ser pressionados para subirem as taxas diretoras para fazer face à alta inflação.
A yield associada às Obrigações do Tesouro da Alemanha a dez anos entrou em terreno negativo em maio de 2019, ou seja, os investidores “pagaram” para ter dívida germânica em mercado secundário durante este período. Mas a taxa inverteu esta quarta-feira e está nos 0,014%, de acordo com os dados da Reuters/Refinitiv.
Juros alemães voltam a terreno positivo
Fonte: Reuters
Os juros da dívida dos governos da Zona Euro estão a ser impulsionados por aquilo que se acredita ser um novo ciclo na política monetária do Banco Central Europeu (BCE), perspetivando-se um agravamento do preço do dinheiro perante as pressões inflacionistas.
A região registou em dezembro a taxa de inflação mais alta desde a sua criação da moeda única, embora os responsáveis do banco central continuem a assegurar que a alta inflação é apenas um fenómeno temporário e a subida dos preços tenderá a estabilizar quando alguns fatores – como o disparo dos preços energéticos e problemas nas cadeias de distribuição — deixarem de estar presentes.
Portugal não foge a esta tendência. A taxa da dívida portuguesa no mesmo prazo está nos 0,643%, o valor mais alto desde junho de 2020, mantendo-se em tendência altista desde a última reunião do BCE, há um mês, que decidiu colocar um ponto final ao programa de compras de ativos de emergência. O IGCP vai esta quarta-feira ao mercado para emitir até 1.500 milhões em bilhetes do Tesouro a seis e 12 meses e poderá já sentir o impacto da subida dos juros no último mês.
Enquanto o BCE se mantém, para já, irredutível na subida das suas taxas, a Reserva Federal norte-americana (Fed) tem vindo a sinalizar que poderá aumentar já em março. E a expectativa de uma abordagem mais agressiva, com quatro subidas já este ano, está a impulsionar os juros da dívida americana e, por arrasto, de outros países, incluindo os europeus.
A Fed tem reunião já na próxima semana e o contexto que está em cima da mesa antecipa um encontro muito aguardado pelos investidores.
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