Portugal não cumpre metas de reciclagem: “Temos de penalizar” quem não reduz os resíduos, diz Governo

A secretária de Estado do Ambiente, Inês Costa, garante que o atual sistema em vigor em Portugal não assegura o cumprimento das metas de reciclagem. Cidadãos passarão a pagar se não separarem o lixo.

O alerta foi deixado esta quarta-feira pela secretária de Estado do Ambiente, Inês Costa, no encerramento de um evento da Sociedade Ponto Verde, que teve lugar em Lisboa, sobre o futuro das embalagens: Portugal tem metas de reciclagem a cumprir e isso não está a ser assegurado neste momento pelo sistema que nós temos em funcionamento”.

Apresentando dados, revelou que Portugal é o 7º país da UE que mais embalagens per capita produz e o 10º em termos de reciclagem desses resíduos, estando mesmo abaixo da média europeia.

A governante sublinhou também na sua intervenção que “a quantidade de resíduos, sejam eles urbanos ou não, continua a subir em Portugal e não há sinais de abrandamento. As embalagens também são uma componente significativa desta quantidade crescente. Temos de dizer basta. Não é razoável. Temos de reduzir os resíduos. Já não basta incentivar quem faz melhor, temos de começar a penalizar quem não o faz”.

Em resposta ao Capital Verde, à margem do evento, sobre que tipo de penalização pode ser essa, Inês Costa explicou que está já previsto na lei que até 2025 o pagamento da taxa de resíduos esteja separado da fatura da água e que se implemente um sistema de “Pay As You Throw”, ou seja, pagar por aquilo que se polui e que se deposita no lixo indiferenciado e não nos ecopontos.

“Já há municípios a implementar esta medida e este será o futuro”, disse a secretária de Estado.

Sociedade Ponto Verde e Novo Verde garantem cumprimento de metas de reciclagem

No mesmo dia, as entidades gestora de resíduos de embalagens Sociedade Ponto Verde (SPV) e Novo Verde divulgaram os seus números próprios da reciclagem relativos a 2021. Por seu lado, a SPV (que durante muitos anos foi a única a gerir resíduos de embalagens no país), dá conta que a recolha seletiva de embalagens registou no ano passado um aumentou de 6,4%, face ao ano anterior, tendo sido encaminhadas mais de 435 mil toneladas para reciclagem.

Para a CEO da Sociedade Ponto Verde, Ana Trigo Morais, “os resultados globais de 2021 revelam um bom desempenho do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) na gestão do fluxo de embalagens”, o único nos resíduos urbanos a cumprir com as metas nacionais.

“Estamos todos comprometidos com o cumprimento das metas da reciclagem em Portugal”, frisou a CEO.

Entre os materiais que são colocados nos ecopontos, dizem as métricas da Sociedade Ponto Verde, o plástico é o que regista um dos maiores crescimentos, com um volume de embalagens recicladas que aumentou 14% só no ano passado.

Quando à reciclagem de vidro, cresceu 5% em 2021, uma tendência que se tem vindo a verificar, de forma consecutiva, nos últimos dois anos, que coincidem precisamente com a pandemia.

“O desempenho deste material reflete o esforço conjunto da sua cadeia de valor (fabricantes, embaladores, distribuição, horeca), que tem vindo a trabalhar afincadamente numa estratégia conjunta para melhorar resultados e alcançar as metas nacionais, resultado de um compromisso entre os agentes do setor”, refere a SPV em comunicado.

Por seu lado, pelas contas da Novo Verde, que é entidade gestora de resíduos de embalagens desde 2017, o ano 2021 ficou marcado pela adesão dos consumidores à separação, com um aumento de reciclagem de embalagens na ordem dos 8.2%, o que se traduz em cerca de mais 36 mil toneladas face ao ano anterior.

Ricardo Neto, Presidente da Novo Verde, assinala que “os últimos dois anos ficaram marcados por uma mudança positiva a nível de comportamentos face a reciclagem de embalagens, um importante passo para um cumprimento de metas”.

De uma forma generalizada, todos os materiais que compõem as embalagens colocadas no mercado – vidro, plástico, papel/cartão e metal – registam um aumento de reciclagem comparativamente a 2021, sendo o vidro e o plástico os que mais se destacaram, com cerca de 205 mil toneladas (+6%) e 90 mil toneladas (+18%) recolhidas no ano passado, respetivamente. Já os materiais de embalagens colocados no ecoponto amarelo tiveram um aumento de 16%, face 2020.

Também se reciclaram mais (18,7%) de Embalagens de Cartão para Alimentos Líquidos e mais 10% em média de embalagens de metal, categoria onde se inclui o aço (+8,7%) e alumínio (+32,2%), indicadores que foram reciclados, por exemplo, um maior número de pacotes de leite ou sumos, bem como alimentos e produtos acondicionados em latas.

A reciclagem de embalagens de cartão/ papel atingiram as cerca de 141 mil toneladas, mais 5% que 2020.

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