Governar “à Guterres” foi um bom modelo? “Foi o que foi”, diz Costa

O secretário-geral do PS admite que a solução de governar "à Guterres" é "insegura", em comparação com a "solução certa" da maioria absoluta. Costa põe o ónus no voto dos portugueses nos dias 23 e 30.

Perante a ausência de Rui Rio, António Costa, que chegou ligeiramente atrasado, arrancou o debate das rádios desta quinta-feira a criticar os que “desertaram do debate democrático”. Momentos depois, o secretário-geral do PS admitiu que poderá precisar do PSD (e não só) para governar com o “modelo clássico” que marcou a governação de António Guterres entre 1995 e 2002. E esse foi um bom modelo? “Olhe, foi o que foi”, respondeu Costa, notando que esse Governo teve “excelente avaliação pelos portugueses”.

“O modelo clássico de governação foi o que aconteceu no primeiro Governo de Guterres em que cada medida legislativa tinha de ser negociada de maneira diferente na Assembleia da República”, afirmou o socialista, pedindo logo de seguida uma maioria absoluta para que haja uma “governação certa e segura” em vez de uma “incerta e insegura”, ainda que tenha referido que o Governo de Guterres durou seis anos.

“Não podemos andar de crise política em crise política”, disse António Costa, defendendo que a melhor forma de governar é através de uma maioria absoluta. O ónus está agora do lado dos portugueses: “As soluções [governativas] resultam do voto”, acrescentou o atual primeiro-ministro, afirmando que a pergunta sobre a governabilidade do país “deve ser dirigida aos portugueses” porque do voto depende “como é que cada um de nós vai governar”.

Com a geringonça enterrada e ao classificar a governação à Guterres de uma “solução insegura”, António Costa pede aos portugueses uma “maioria de bom senso, equilibrada e de diálogo”. Noutra resposta a seguir, o primeiro-ministro atacou os seus adversários, com a exceção do PAN, para dar argumentos ao seu pedido de uma maioria absoluta: “Eles são uma maioria de desgoverno“, classificou, referindo que a direita e a esquerda à esquerda do PS não são capazes de se entender para um Governo ou Orçamento.

Sobre o modelo de governação à Guterres, Costa recordou que “as formulações para aprovação do OE foram muito mais complexas” do que apenas um acordo entre PS e PSD e afastou a repetição de uma revisão constitucional como a que aconteceu nessa altura — “creio que não se justifica nenhuma revisão constitucional”, disse.

Mais à frente no debate, António Costa voltou ao tema para explicar o porquê de ter invocado o papel do Presidente da República como controlador de um Governo do PS de maioria absoluta. Costa lembrou que Marcelo Rebelo de Sousa teve um papel nos equilíbrios da negociação da Lei de Bases da Saúde. “Quem é que acredita que com este Presidente da República uma maioria do PS podia pisar a linha?”, pergunta, referindo que Marcelo estará no cargo até 2026, ano em que termina a legislatura que arranca em 2022.

Além disso, o atual primeiro-ministro promete diálogo e compromissos mesmo com uma maioria absoluta, recordando que quando era presidente da Câmara de Lisboa com maioria absoluta dialogou com a oposição e até nomeou Inês Sousa Real (PAN) com Provedora do Animal de Lisboa. Reforçou, contudo, que esse diálogo com maioria absoluta é “obviamente” mais fácil à esquerda do que à direita.

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