Qatar Airways e Airbus em guerra por defeitos na camada de proteção das aeronaves A350
Qatar Airways reclama indemnização de vários milhões à Airbus por falhas na pintura das aeronaves A350. Companhia publicou um vídeo de aviões Airbus com a pintura a lascar.
A Qatar Airways e a Airbus estão em guerra desde o verão do ano passado, mas o conflito intensificou-se nas últimas semanas. A companhia aérea afirma que teve de suspender a operação de 13 aviões Airbus 350 pelo facto de a pintura estar a lascar “a um ritmo acelerado”, considerando que isso coloca em causa a segurança do voo. Esta sexta-feira, a Airbus cancelou uma encomenda de 50 A321neo para a Qatar Airways e a companhia não se ficou: divulgou um vídeo onde mostra um A350 com lascas na pintura.
A história remonta a agosto de 2020, quando a Qatar Airways afirmou ter sido obrigada a aterrar 13 das suas aeronaves A350 devido a problemas na fuselagem — a camada de proteção do metal. De acordo com o Al Jazeera (conteúdo em inglês), a fuselagem destes aviões é feita de carbono e serve para tornar a aeronave mais leve, queimando, assim, menos combustível.
A Qatar Airways afirma que essas 13 aeronaves ficarão em terra até que “uma solução satisfatória para corrigir permanentemente [esse problema] esteja disponível”. Por sua vez, a fabricante disse estar a pensar na mudança de design dessa malha de proteção para os futuros A350, mas insiste que essa deterioração não põe em causa a segurança do avião.
Uma investigação da Reuters, conhecida em novembro do ano passado, mostrou que, pelo menos cinco outras companhias aéreas relataram falhas na pintura ou na camada de proteção do A350 desde 2016, bem antes de a Qatar Airways levantar estas preocupações.
Em dezembro do ano passado, a Qatar Airways avançou para o Tribunal de Londres, diz a Al Jazeera. Pediu uma indemnização de 600 milhões de dólares (529 milhões de euros) e ainda quatro milhões de dólares (3,5 milhões de euros) por dia devido às aeronaves que estão aterradas.
Na sequência disso, na passada sexta-feira, a Airbus cancelou a encomenda de 51 aeronaves A351neo para a Qatar Airways, avaliada em quase seis mil milhões de dólares (5,3 mil milhões de euros).
A companhia aérea classificou esta decisão como “uma questão de considerável arrependimento e frustração” por parte da fabricante de aeronaves e respondeu através de um vídeo publicado no YouTube, onde mostra, durante 1 minuto e 37 segundos, o exterior de aviões A350 com falhas na pintura e uma pessoa a lascar facilmente a camada que protege a aeronave.
A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (AESA) da União Europeia avaliou o problema de forma independente e não encontrou quaisquer preocupações de segurança. “Não há base razoável ou racional” para a Qatar ter aterrado os A350, afirmou a Airbus em documentos preparados para uma audiência que aconteceu em Londres na passada quinta-feira.
A fabricante de aeronaves acusa a Qatar Airways de procurar uma desculpa para manter os aviões em terra devido ao impacto que a pandemia teve no setor da aviação, reduzindo a procura. A companhia rejeitou estas acusações, afirmando que “os defeitos não são superficiais e um deles faz com que o sistema de proteção contra raios da aeronave fique exposto e danificado”.
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