Secretário de Estado “culpa” gestão pela queda da Dielmar

  • Lusa
  • 25 Janeiro 2022

João Neves, secretário de Estado Adjunto e da Economia, disse esta terça-feira que a gestão da Dielmar foi "claramente" o que falhou na empresa, conduzindo-a à insolvência.

O secretário de Estado Adjunto e da Economia afirmou esta terça-feira que aquilo que falhou na Dielmar foi uma gestão que não correspondia às necessidades da empresa, apesar de o Governo ter tentado, por diversas vezes, alterar a situação.

“Ao longo da minha passagem pelo Ministério [da Economia] fiz diversas intervenções que permitiram tentar encontrar soluções para a situação da Dielmar, que foram sucessivamente recusadas pelos acionistas privados”, afirmou João Neves.

O governante falava aos jornalistas à margem de uma visita às instalações da empresa de confeções Dielmar, após o Grupo Valérius ter chegado a acordo para ficar com a fábrica de Alcains, que pediu insolvência em agosto.

“O que falhou foi claramente uma gestão que não correspondia às necessidades da empresa. A intervenção do Estado era minoritária e a gestão daquilo que era feito era dos acionistas privados. Por diversas vezes nós procuramos, do lado da intervenção pública, alterar a situação porque era uma situação que manifestamente não correspondia às necessidades que objetivamente existiam”, sublinhou.

O secretário de Estado recusou fazer qualquer avaliação judicial do processo e disse que não é a ele que compete fazer isso.

Contudo, disse que este é claramente um processo que tem duas faces: uma que não é exemplar, e que só pode servir como aquilo que não deve ser feito para a recuperação de uma solução empresarial; e a outra, onde se empenhou pessoalmente, com a colaboração da Câmara de Castelo Branco, Instituto do Emprego e da Formação Profissional e Banco Português de Fomento, para encontrar uma solução que permita olhar para os ativos, valorizando os trabalhadores.

“É isso que está agora a ser feito. Espero que a história venha a demonstrar que esta é uma intervenção como deve ser feita”, defendeu.

João Neves espera que este dia marque uma viragem na situação da Dielmar, permitindo encontrar uma solução de base empresarial que seja uma solução de futuro.

“O Grupo Valérius é um grupo conhecido, com presença em vários setores industriais, nomeadamente no têxtil e na confeção, e o que temos como expectativa, e que foi a base da proposta de recuperação deste conjunto de ativos, é que tenham aqui uma solução do ponto de vista industrial, forte”, frisou.

Adiantou ainda que a base desta solução empresarial são os trabalhadores. “Se não houvesse pessoas com experiência e com qualidade, certamente que não teríamos uma solução para Alcains, para estas instalações e para estes trabalhadores” sublinhou.

Segundo o governante, a perspetiva é que sejam feitas alterações do ponto de vista da organização da produção nos próximos meses e que a laboração seja concretizada ao longo do primeiro semestre do ano.

“A base para fazer estas mudanças é um processo de requalificação profissional, porque a organização industrial vai ser profundamente alterada face ao passado. Os passos têm que ser dados com segurança”, concluiu.

Fundada em 1965, em Alcains, no concelho de Castelo Branco, por quatro alfaiates que uniram os seus conhecimentos, a Dielmar, que empregava atualmente mais de 300 trabalhadores, pediu a insolvência ao fim de 56 anos de atividade, uma decisão que a administração atribuiu aos efeitos da pandemia de covid-19.

O pedido de insolvência foi apresentado no dia 2 de agosto de 2021, tendo o Juízo de Comércio do Fundão da Comarca de Castelo Branco declarado a insolvência no dia seguinte.

Depois da rescisão de contratos para os trabalhadores das lojas e da não renovação dos contratos a termo, a empresa tem ainda cerca de 245 trabalhadores.

Depois de algumas assembleias de credores não definitivas, em novembro de 2021 foi decidido avançar com o encerramento da empresa e respetiva liquidação da massa insolvente.

Correção: Uma versão anterior deste artigo atribuiu declarações a João Torres, ao invés de João Neves. Na realidade as declarações são deste último. Aos leitores e visados, as nossas desculpas.

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