“Crescimento perdido” pela Covid só será recuperado em 2028, prevê Fórum

O alerta é deixado pelo Fórum para a Competitividade. A manterem-se as políticas atuais, Portugal só regressará à trajetória económica que registava antes da pandemia em 2028.

O Fórum para a Competitividade destaca que, no ano passado, Portugal teve a “segunda recuperação mais atrasada da União Europeia” e avisa que, a manterem-se as atuais políticas em vigor, só em 2028 o país regressará à trajetória económica que registava antes da pandemia de coronavírus. Ou seja, o “crescimento perdido” pela pandemia só será recuperado daqui a seis anos.

Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) português cresceu 4,9%, acima do previsto pelo Governo, mas abaixo da média da Zona Euro. Ou seja, pelo segundo ano consecutivo, Portugal não convergiu com a média europeia, após ter contraído, em 2020, mais do que a economia da área da moeda única.

Já para 2022, as previsões apontam para um crescimento nacional acima da média europeia, mas o Fórum para a Competitividade deixa um alerta. “A manterem-se as políticas em vigor, só em 2028 é que o nosso país regressaria à trajetória em que se encontrava antes da pandemia”, salienta o Fórum, na mais recente nota de conjuntura.

Há duas formas de olhar para a recuperação económica da pandemia. A primeira é recuperar o nível de PIB de 2019, o que deverá acontecer no primeiro semestre de 2022. A segunda é recuperar o “crescimento perdido”, isto é, o crescimento económico previsto antes da pandemia para os anos seguintes. Para alcançar essa trajetória serão precisos mais seis anos, de acordo com as contas do Fórum, como mostra este gráfico.

E acrescenta: “Temos um grave problema de crescimento e é imperioso que o próximo Governo consiga um apoio parlamentar alargado sempre que estiverem em causa alterações estruturais que permitam sair da estagnação das últimas duas décadas”.

A propósito do apoio parlamentar e poucos dias após a ida às urnas na qual os socialistas conseguiram a maioria absoluta, o Fórum para a Competitividade lembra que o programa eleitoral do PS “tinha assumido o desígnio da convergência com a União Europeia” e atira que o resultado conseguido a 30 de janeiro deverá agora “libertar” o partido de António Costa “da influência dos partidos mais à esquerda“.

A maioria, continua a entidade em questão, “deveria ser aproveitada para realizar as reformas a que aqueles se opuseram nos últimos seis anos”, nomeadamente na fiscalidade, na formação profissional, no mercado de trabalho, na burocracia e na justiça. Não bastam “mudanças cosméticas”, avisa, além disso, o Fórum.

Por outro lado, esta entidade sublinha que o país tem verificado uma forte subida de novos casos de Covid-19, “persistindo”, portanto, alguma “incerteza” quanto às restrições, que chegaram a ser endurecidas entre o final de 2021 e o início de 2022, mas foram entretanto aliviadas.

Aliás, esse confinamento nos primeiros dias de janeiro levou a um início “débil“, frisa o Fórum para a Competitividade, do ano de 2022, tendo sido registado um enfraquecimento da atividade, ainda que com alguma recuperação já no final do mês de janeiro. “Espera-se que o resto do trimestre consiga contrariar esta contração, mas ela serve para nos recordar do impacto negativos de eventuais futuros confinamentos”, lê-se na referida nota da conjuntura.

De resto, em termos internacionais, o Fórum antecipa que 2022 será um ano “mais difícil do que se esperava“, mas será de continuação de recuperação, embora a um “ritmo inferior ao anteriormente previsto”, devido à Ómicron, à inflação e às dificuldades nas cadeias de abastecimento. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já reviu em “clara baixa” as suas estimativas para 2022 para as principais economias, observa o Fórum.

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