Tentativa de golpe de Estado falha na Guiné-Bissau
O ato foi "bem preparado e organizado e poderá também estar relacionado com gente relacionada com o tráfico de droga”, disse o presidente do país, Sissoco Embaló. Seis pessoas morreram.
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, agradeceu esta terça-feira às forças de defesa e segurança do país por terem impedido um golpe de Estado, que constituiu um “atentado à democracia”. “As forças de defesa e segurança conseguiram impedir este atentado à democracia”, afirmou Umaro Sissoco Embaló, em declarações aos jornalistas, ao lado do primeiro-ministro, do vice-primeiro-ministro e da ministra da Justiça.
Foi um “ato bem preparado e organizado e que poderá também estar relacionado com gente relacionada com o tráfico de droga”, afirmou Sissoco Embaló, acrescentando que há pessoas detidas e vítimas mortais, sem precisar números.
O ataque ao palácio do Governo, onde decorria o Conselho de Ministros teve fogo cruzado durante cinco horas, explicou o Presidente. “A Guiné-Bissau não merece isto”, disse Embaló, rejeitando qualquer responsabilidade: “Sou um homem de paz, contra a violência”.
Sissoco Embaló disse que já falou com o secretário-geral da ONU e pediu calma aos guineenses, assegurando que a situação está controlada. “Peço à população para estar serena”, disse.
O chefe de Estado da Guiné-Bissau afirmou ainda que as pessoas que atacaram o Palácio do Governo, enquanto decorria a reunião de Conselho de Ministros, queriam matar o Presidente, o primeiro-ministro e os ministros. “Eles não queriam apenas dar um golpe de Estado, queriam matar o Presidente da República, o primeiro-ministro e os ministros”, afirmou Umaro Sissoco Embalóu, depois de uma declaração à imprensa, seguida de perguntas.
O Presidente falou aos jornalistas acompanhado do primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam do vice-primeiro-ministro, Soares Sambu, e de outros membros do Governo e do seu gabinete. O Presidente guineense afirmou que o país está de luto porque “alguns valentes filhos” tombaram hoje “por causa da ambição de duas ou três pessoas, que entendem que o país não tem direito de viver em paz”.
“Custava-me acreditar que um dia poderíamos chegar a este ponto. Ou que os filhos da Guiné poderiam voltar a perpetrar outro ato de violência. Nem podem imaginar este ato de violência. Preferiria que as pessoas me atacassem pessoalmente”, lamentou o Presidente guineense.
Nas declarações aos jornalistas, Umaro Sissoco Embaló salientou que não nasceu para ser “eternamente Presidente” e que está no lugar pela “confiança da maioria do povo guineense”. “Apelo à comunidade internacional a continuar a apoiar a Guiné-Bissau porque este povo precisa”, disse.
Pelo menos seis pessoas morreram no tiroteio ocorrido no Palácio do Governo durante a tentativa de golpe de Estado na Guiné-Bissau, disseram à Lusa fontes militares.
Fontes do Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau, tinham avançado à Lusa, durante a tarde, que receberam quatro feridos, um dos quais em estado grave. O Presidente da Guiné-Bissau confirmou também aos jornalistas a existência de mortos e feridos, sem precisar o número.
Vários tiros foram ouvidos esta terça-feira perto da hora de almoço junto ao Palácio do Governo da Guiné-Bissau onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam.
Segundo fonte governamental, os militares entraram cerca das 17:20 no palácio do Governo e ordenaram a saída dos governantes que estavam no edifício.
A tentativa de golpe de Estado já foi condenada pela União Africana, pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e por Portugal.
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