André Silva admite voltar à liderança do PAN e ataca estratégia de Inês Sousa Real
Há oito meses decidiu sair da liderança do PAN, mas volta agora para admitir um regresso após a derrota do partido nas eleições de 30 de janeiro. E não poupa críticas à estratégia eleitoral.
André Silva surpreendeu o país em 2015 por ter sido eleito deputado único do PAN e, em 2019, conseguiu reforçar o grupo parlamentar para quatro deputados. No verão de 2021, decidiu sair da liderança do partido, deixando-o nas mãos de Inês Sousa Real. Com a derrota nas eleições de 30 de janeiro, o antigo líder volta à ribalta num artigo de opinião no Público, onde se mostra disponível para assumir as rédeas do partido e critica a estratégia eleitoral seguida nos últimos oito meses.
É com a vontade de regressar que termina o artigo de opinião, intitulado “Quem não sabe dançar diz que a sala está torta”: “Saliento que estou disponível, como sempre estive, para ajudar o meu partido a reposicionar-se e a reconquistar a credibilidade e a voz política que já teve, caso os filiados decidam por outra liderança“, escreve, referindo antes que não lhe tinha passado pela cabeça regressar ao cargo de porta-voz do partido. Na noite das eleições, a atual porta-voz Inês Sousa Real, agora deputada única, remeteu a decisão sobre o futuro da liderança do partido para a comissão política do PAN.
Após oito meses de silêncio, André Silva assume que discordou de várias opções políticas tomadas desde então e até dá a entender que gostaria de ter sido convidado para ações de campanha, mas não foi. “Chegou o momento de falar perante o profundo definhar do partido que ajudei a erguer“, afirma, rejeitando os argumentos de que a derrota do PAN se deve ao voto útil no PS, aos setores que atacam o PAN (como a CAP) ou o funcionamento do sistema eleitoral.
Chegou o momento de falar perante o profundo definhar do partido que ajudei a erguer.
Para André Silva, “o desaire do passado dia 30 tem, sobretudo, causas internas e inteligíveis”, acusando o PAN de se tornar num partido “afilhado” do PS, tendo várias coligações nas autárquicas e depois defendendo com “devoção” o Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022). “Depois deste tango com o partido do Governo, e para pasmo de tantos, não passaram muitos dias até que o PAN viesse anunciar que também queria dançar com o PSD“, refere o ex-líder, concluindo que “nesta dança a três inventada pelo PAN, os eleitores acabaram por excluir o elemento mais dúbio”.
O ex-deputado considera que, salvo “devidas exceções, o PAN deixou de marcar a agenda política nas áreas que fazem parte da sua matriz”, tendo envelhecido e deixado de ser um “partido polémico, irreverente, não alinhado com os incumbentes, combativo e sem medo de fazer escolhas e de defender propostas incomodativas”. “O auto-epíteto de partido responsável não traz progresso político nem tão pouco colhe votos“, alega André Silva.
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