Europa é o parceiro “mais fiável e leal” de África, diz Ursula von der Leyen

  • Lusa
  • 8 Fevereiro 2022

"A UE investe 20 mil milhões de euros de subvenções no continente" africano, disse a presidente da Comissão Europeia, que promete apresentar a estratégia 'Global Gateway’ durante a visita ao Senegal.

A Europa é o “parceiro mais fiável e leal de África”, defendeu a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, numa entrevista à agência AFP divulgada esta terça-feira, véspera de uma visita de dois dias ao Senegal. A deslocação de Von der Leyen ao Senegal, onde se reunirá com o presidente em exercício da União Africana, o chefe de Estado senegalês, Macky Sall, visa preparar a cimeira UE-África, marcada para os dias 17 e 18 deste mês em Bruxelas.

Na entrevista, Von der Leyen disse que vai anunciar, durante a estada no Senegal, a primeira versão regional da nova estratégia europeia de investimento denominada ‘Global Gateway’, que se prevê que mobilize, até 2027, um pacote financeiro de 300 mil milhões de euros.

Entendida como uma resposta à ‘Nova Rota da Seda’, um projeto que a China tem já em curso à escala mundial, a ‘Global Gateway’ pretende mobilizar 300 mil milhões de euros de fundos públicos e privados em projetos de infraestruturas a nível mundial. “A União Europeia é o parceiro mais fiável e leal de África. Anualmente, a UE investe 20 mil milhões de euros de subvenções no continente, aos quais se somam empréstimos e garantias”, defendeu Von der Leyen.

A presidente da Comissão Europeia destacou os “custos financeiros, políticos, ambientais e sociais, às vezes muito pesados”. “Essas opções geralmente criam mais dependência do que ligações genuínos”, disse, em resposta à questão se a cimeira em Bruxelas visa contrariar a perda de terreno da Europa em África face à China ou à Rússia, considerados parceiros menos exigentes.

“A ‘Global Gateway’ é uma oferta diferente. São investimentos ancorados nos valores aos quais a Europa se apega, como a transparência, a boa governação, a preocupação com o respeito pelo ambiente e o bem-estar das populações. E sobretudo uma lógica de parceria”, explicou. Sobre o que se pode esperar da cimeira de Bruxelas, Von der Leyen considerou-a “crucial”.

“Esta cimeira é de fundamental importância. Eu vejo isto como uma oportunidade para fortalecer uma parceria que a África e a Europa precisam. Primeiro, porque precisamos trabalhar mais juntos para enfrentar os desafios atuais – como o impacto já muito real das mudanças climáticas ou da saúde. Acima de tudo, devemos definir a nossa própria agenda, uma agenda positiva, de prosperidade partilhada e crescimento sustentável que beneficie diretamente as nossas populações”, afirmou. Esse é o objetivo da “Global Gateway”, sintetizou.

“Em Dacar, anunciarei o primeiro plano regional do ‘Global Gateway’: o plano África-Europa. E a cimeira deve identificar um primeiro conjunto de intervenções estratégicas”, disse.

Questionada se será possível um compromisso entre a denúncia feita pelos países africanos sobre a injustiça no acesso às vacinas, designadamente no caso da doença covid-19, e a recusa da UE em abolir o embargo das patentes destes fármacos, Von der Leyen respondeu que o levantamento das patentes não é a “’solução miraculosa’ para desenvolver rapidamente a capacidade de produção local” e “também pode ter consequências negativas significativas no financiamento da inovação”.

A UE está a investir fortemente no aumento das capacidades de produção em África, com mais de mil milhões de euros empenhados neste esforço”, destacou.

Relativamente aos vistos de entrada no espaço comunitário, Von der Leyen recordou que em 2020, os países da UE concederam 2,5 milhões de vistos, significativamente menos do que em anos anteriores devido à pandemia. “Agora que as restrições de viagem estão a diminuir, certamente que este número vai aumentar”, acrescentou.

“Os acordos de readmissão e os regimes de facilitação e liberalização de vistos são apenas alguns dos instrumentos de que a UE dispõe para gerir os movimentos migratórios”, disse ainda.

Von der Leyen defendeu que para que a Europa possa continuar a ser um continente aberto, “que acolhe todos os anos 3 milhões de nacionais de países terceiros, temos também de lutar, com os nossos parceiros, contra os movimentos irregulares”. “E também precisamos que os nossos parceiros desempenhem o seu papel nestes esforços e repatriem os cidadãos que não têm o direito de permanecer na UE”, vincou.

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