Rússia rejeita “resposta coletiva” sobre segurança na Europa
Só quem tenta “dividir” a União Europeia questiona a sua decisão de manter uma posição comum, respondeu Borrell. Reação pode ser interpretada como uma “falta de respeito”, responde Moscovo.
A Rússia rejeita a “resposta coletiva” do Ocidente às suas perguntas sobre a segurança na Europa e espera uma resposta de cada destinatário, sublinhou esta sexta-feita a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.
“Não podemos aceitar uma resposta coletiva. Estamos à espera de uma resposta pormenorizada de cada um dos destinatários à pergunta que colocámos”, afirmou Zakharova num comunicado divulgado no canal do serviço de mensagens instantâneas Telegram da diplomacia russa.
Segundo a porta-voz, os documentos recebidos pela Rússia não têm “uma reação concreta” do Ocidente a “perguntas diretas” que foram formuladas pela Rússia sobre a posição de cada um dos Estados em relação à crise na Ucrânia e à segurança na Europa. “Em vez disso, somos convidados a entabular um diálogo para fortalecer a segurança”, disse.
Zakharova precisou que as perguntas foram enviadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, a 37 países da Europa e América do Norte. Nelas, acrescentou, a Rússia indicava que esperava uma resposta pormenorizada de cada um dos destinatários. “Em vez disso, escreveram-nos [o secretário-geral da NATO] Jens Stoltenberg e [o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança] Josep Borrell, a quem não nos tínhamos dirigido”, referiu.
Para Zakharova, esta reação do Ocidente pode ser interpretada como uma “falta de respeito” ao pedido russo. “Evitar responder significa que o Ocidente não quer reconhecer os compromissos assumidos no âmbito da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e da [parceria] Rússia-NATO e está a tentar garantir a sua segurança às custas da nossa”, concluiu.
Josep Borrell declarou esta sexta que só quem tenta “dividir” a União Europeia (UE) questiona a sua decisão de manter uma posição comum, depois de Lavrov ter contactado em separado os Estados-membros para conhecer a sua posição sobre a crise na Ucrânia.
O chefe da diplomacia da UE acrescentou que, de acordo com uma “decisão unânime” dos 27 Estados-membros, enviou na quinta-feira uma carta a Lavrov em resposta à “sua mensagem escrita a cada um deles” no passado dia 28 de janeiro. “Aborda as questões colocadas pelo ministro Lavrov e reitera a oferta da UE e dos seus Estados-membros para continuar o diálogo com a Rússia sobre formas de fortalecer a segurança de todos”, indicou, sobre o conteúdo da missiva.
Na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, o porta-voz comunitário dos Negócios Estrangeiros, Peter Stano, instou a Rússia a ter em conta “o conteúdo” e não “a forma” da resposta conjunta dos Estados-membros da UE sobre a crise na Ucrânia. “Se [Moscovo] está interessada em solucionar a crise de forma pacífica, diplomática, como é normal na Europa, no ano de 2022, numa época moderna, não se concentre na forma, mas leia o conteúdo e reflita sobre as nossas propostas”, declarou.
“A carta [de Borrell] contém a mensagem dos 27 países da UE”, sublinhou Stano, acrescentando que a mensagem comunitária continua a defender a redução da tensão gerada pela concentração de 140.000 soldados russos ao longo da fronteira com a Ucrânia e a que seja encontrada uma solução política.
Por sua vez, a porta-voz da Comissão Dana Spinant deixou claro que a UE mantém “uma posição unida” e que há “uma coordenação constante” entre Estados-membros mas também com outros aliados.
Como exemplo, referiu que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, esteve em contacto telefónico com o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, cujos países estão a fazer a mediação entre a Rússia e a Ucrânia em negociações no chamado “formato da Normandia”, mas também que mantém um “contacto intenso com os outros países membros e com outros parceiros”.
“Temos uma posição unida e muito coordenada antes e depois” das reuniões em diferentes formatos que se estão a realizar a nível internacional sobre a crise entre Moscovo e Kiev, afirmou.
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